A empresa vai oferecer serviço de conectividade no modelo de atacado, em que outras companhias poderão “alugar” parte da rede, para então levá-la a consumidores finais. E o foco inicial será o 4G.
Vencedora do lote 1, na faixa de 700 MHz, a Winity é uma provedora de infraestrutura wireless (sem fio). A empresa foi criada em novembro de 2020 pelo Pátria Investimentos, gestora de ativos que tem sede nas Ilhas Cayman.
O presidente-executivo da Winity, Sergio Bekeierman, explicou ao g1 que empresa poderá oferecer sua infraestrutura para outras operadoras de duas formas principais:
- Cobertura: a rede construída pela Winity pode ser alugada para operadoras chegarem onde não têm sinal disponível;
- Capacidade: operadoras podem contratar “camadas” adicionais de rede para evitar que sua infraestrutura fique sobrecarregada em alguns locais.
Para o fundo de investimento Pátria, fazer com que o uso da frequência esteja disponível para várias empresas é interessante porque o faturamento aumenta.
“De certa forma, ao compartilhar infraestrutura, você está maximizando o uso desse ativo e promovendo uma rentabilidade sobre esse investimento”, explicou Bekeierman.
Segundo o executivo, a empresa vai construir infraestrutura e disponibilizá-la para outras empresas, sem ceder o espectro de forma definitiva. “O espectro será de posse da Winity e os compromissos atrelados a ele, também”, disse.
As contrapartidas exigidas pelo governo para a exploração da faixa de 700 MHz foram:
- Levar internet a 31 mil quilômetros de rodovias federais;
- Levar internet para localidades sem 4G.
A Winity pretende investir R$ 2 bilhões para cumprir esses compromissos.
Atualmente, as operadoras usam a frequência de 700 MHz para a rede 4G. Este deverá ser o caminho seguido pela Winity em uma primeira etapa, mas, no futuro, a empresa também planeja usar a faixa para o 5G.
“A gente investe tipicamente em parceria com o cliente. Essa decisão de qual tecnologia vai ser usada é muito mais do meu cliente, de como ele rentabiliza melhor essa frequência perante o cliente final dele”, indicou Bekeierman.
“A frequência é um bem que você pode fazer o que chamam de ‘refarming’: você começa a usar onde vê a maior demanda, que hoje é o 4G, mas no momento em que o 5G passa a ter uma penetração grande, maior demanda de cobertura ou de dados, você pode converter o uso da frequência do 4G para o 5G”, afirmou o executivo.
Do 1 ao 5G: as evoluções e o potencial da nova tecnologia
Winity fez lance bilionário
Para operar na faixa de 700 MHz em todo o território nacional, a Winity se comprometeu a pagar R$ 1,427 bilhão. O lance mínimo para esse lote era R$ 157,6 milhões, o que fez o lance da empresa ser 805% superior ao exigido inicialmente pelo governo.
A NK 108 e a VDF, outras duas empresas que disputaram o lote, ofereceram R$ 333 milhões e R$ 318 milhões, respectivamente.
O sócio de infraestrutura do Pátria, Felipe Pinto, afirmou ao g1 que a Winity realizou um trabalho de meses para chegar ao valor e que a gestora atua no setor de infraestrutura há cerca de 10 anos.
“Estamos muito confortáveis com as premissas que nós adotamos para a construção do modelo de negócios. É um modelo de negócios inovador, que não necessariamente vai se comportar exatamente como outros no leilão”, disse.
Ele apontou que a operação no modelo de atacado é uma oportunidade de gerar valor em um espectro que hoje é usado para o 4G e, no futuro, se estenderá ao 5G.
“A gente vê um conjunto de oportunidades que acho que outros não estão enxergando e acho que isso justifica a nossa convicção e o nosso prêmio pago para esse leilão”, afirmou.
A Winity é parte do Fundo de Infraestrutura IV do Pátria, de R$ 10 bilhões. O fundo também reúne empresas de energia e concessões de rodovias.
“Nós vamos financiar esses investimentos (em internet) parte com o capital do fundo, parte com financiamentos de longo prazo. Estamos com a estrutura de capital bastante equacionada e seguros do investimento”, disse Felipe Pinto.
Conheça as vantagens do 5G em relação ao 4G. — Foto: Wagner Magalhães/Arte G1