A fabricante de chips gráficos Nvidia divulga nesta quarta-feira (21) seus números referentes ao 4º trimestre de 2023.
A queridinha de Wall Street ganhou os holofotes principalmente ao longo dos últimos 12 meses, quando viu seu valor de mercado saltar de US$ 528 bilhões (R$ 2,60 trilhões, na cotação atual) para US$ 1,79 trilhão (R$ 8,82 trilhões), uma variação de 239,7%.
Com esse crescimento, a companhia entrou no pódio das principais “big techs” dos Estados Unidos.
Na semana passada, a Nvidia superou a Alphabet — dona do Google — e a Amazon, se tornando a terceira empresa mais valiosa dos EUA ao atingir um valor de mercado de US$ 1,82 trilhão (R$ 9 trilhões).
O número coloca a companhia atrás apenas da Microsoft e Apple.
Além disso, no pregão desta terça-feira (20), a empresa obteve mais um feito para seu recente histórico ao superar a Tesla como a ação mais negociada de Wall Street.
Neste cenário, o relatório que será apresentado pela empresa tem o potencial de alavancar ainda mais seus ganhos ou, caso decepcione, elevar a liquidez das ações de tecnologia no pregão seguinte.
Guilherme Novello, diretor da WHG, avalia que o resultado deve ser positivo, ainda que exista uma chance baixa de surpreender as expectativas demasiadamente otimistas do mercado. Para o analista, a principal dúvida que paira em torno da Nvidia é a durabilidade do crescimento observado.
“O resultado vai ser excelente, ele não vai mudar a posição da Nvidia. Mas a expectativa é bastante elevada […] Estamos olhando sinais de durabilidade desse crescimento. Todos sabemos que vai crescer, mas a dúvida se volta para 2025”, afirma Novello.
Um indicador que o analista chama a atenção é para a relação entre o preço e o lucro gerado pela companhia.
“Nos nossos números, a empresa negocia hoje por um preço-lucro de cerca de 20 vezes. Se o mercado tivesse certeza de durabilidade do crescimento [da Nvidia], o preço/lucro seria muito mais elevado”.
No terceiro trimestre do ano passado, a fabricante de chips viu sua receita saltar 205,5%, na comparação com o mesmo período de 2022, para US$ 18,1 bilhões (R$ 89,23 bilhões).
Já o lucro avançou 588,2% para US$ 10 bilhões (R$ 49,3 bilhões), enquanto o lucro por ação foi de US$ 4,02 (R$ 19,81). Todos os resultados superaram, em pelo menos 12%, as previsões do mercado, segundo relatório da XP.
Após a surpresa com os números do terceiro trimestre, a Nvidia elevou o guidance de receita que será divulgada nesta quarta-feira, de US$ 17,9 bilhões (R$ 88,2 bilhões) para US$ 20,4 bilhões (R$ 100,5 bilhões) — lucro por ação de US$ 4,06 (R$ 20,01)
Todo o cenário visto no último ano valorizou o preço de suas ações. Em um recorte temporal recente, os papéis da companhia em janeiro eram negociados em torno de US$ 500 (R$ 2.465). Já na sessão desta terça-feira (20), as ações encerraram o pregão a US$ 694,52 (R$ 3.423) — avanço de quase 40%.
Analistas lembram ainda de que, apesar da bonança, os principais clientes da Nvidia são provedores de nuvem, assim como a própria Microsoft e Amazon, que desembolsaram grandes investimentos em chips da fabricante.
Nesse caso, a dúvida é se esses gastos irão continuar até o próximo ano.
“O que várias companhias — assim como as pessoas — que investem em IA devem começar a fazer é avaliar o retorno sobre investimentos. Se no longo prazo esse retorno for algo estrutural e que faça sentido, entendemos que o patamar de investimento nessas companhias de infraestrutura de IA deve se manter”, diz Vitor Melo, analista de ações do BTG Pactual.
Contudo, de maneira geral, as avaliações sobre a trajetória da empresa são positivas e as expectativas estão em linha com o valuation atual da fabricante.
“Vale lembrar que a Nvidia investe em pesquisa e desenvolvimento, principalmente voltado a inteligência artificial, desde meados de 2014. […] Continuamos bem confortáveis com a visibilidade de crescimento tanto de lucro quanto de margem que a companhia apresenta atualmente”, conclui Melo.
Os novos dados da empresa devem ser conhecidos nesta quarta-feira após o fechamento do mercado financeiro norte-americano.
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