Mais de 40 anos depois, a polícia do Condado de Cook, em Illinois (EUA), identificou o corpo de uma vítima do serial killer John Wayne Gacy, responsável pela morte de pelo menos 33 pessoas na região de Chicago, nos anos 1970. A descoberta foi feita graças a um teste genético, que por meio do DNA foi capaz de traçar a árvore genealógica das amostras coletadas.
A vítima, Francis Wayne Alexander, teria sido morto entre dezembro de 1976 e março de 1977, quando teria entre 21 e 22 anos de idade.
O feito dos investigadores, depois de mais de 40 anos após o crime, virou notícia agora no final de outubro deste ano em diversos jornais estrangeiros.
Como foi possível identificar a vítima?
A identificação só foi possível porque um dos molares de Alexander —que até então era conhecido apenas como “Vítima de Gacy Número Cinco”— passou pela análise genética, o que permitiu a comparação de dados de DNA e a posterior identificação.
O dente molar analisado foi encontrado em um esconderijo na residência do serial killer. Ele estava junto a outros 26 molares.
O corpo de Alexander havia sido enterrado sem identificação juntamente com outros sete, que foram exumados em 2011 para que a identificação pudesse ser feita por testes de DNA.
O caso de Alexander era um dos mais complicados, uma vez que a sua família achava que ele simplesmente teria saído de casa por desavenças. Por isso, o desaparecimento dele nunca foi reportado à polícia.
O poder do DNA
A identificação de Alexander só foi possível por meio da genealogia genética, que analisa perfis do DNA em combinação com métodos genealógicos tradicionais para determinar relações genéticas entre as pessoas.
Estudar a genética de uma pessoa ou de outros seres vivos não é uma técnica exatamente recente, mas passou por diversos avanços e refinamentos nos últimos tempos.
Hoje, é possível que ela seja usada para saber as origens de pessoas e outros seres vivos, além de facilitar o desenvolvimento de vacinas e outros medicamentos. Por outro lado, seu uso também pode ser polêmico, como no caso de um levantamento feito no Reino Unido para coletar DNA de pessoas diagnosticadas com espectro autista.
Quando consideramos o uso criminal, o primeiro caso do uso de DNA como prova aconteceu em 1986, na Inglaterra. Na ocasião, Colin Pitchfork foi identificado como o responsável pelo estupro seguido de morte de Lynda Mann, em 1983, e Dawn Ashworth, em 1986, ambas com 15 anos de idade.
No caso de agora, de Alexander, a ONG DNA Doe Project, criada para usar DNA na resolução de casos criminais sem solução, auxiliou na identificação do corpo.
Uma vez que as amostras de DNA foram colhidas, elas foram incluídas no banco de dados da GEDmatch —uma empresa especializada em genealogia genética. Assim foi possível rastrear as origens da vítima.
O assassino, por sua vez, acabou sendo condenado à pena de morte e foi executado em 1994.