Há nove anos e quatro meses em Marte, a sonda Curiosity enviou para a Terra mais uma selfie tirada no planeta vermelho. A imagem, divulgada pela agência espacial americana Nasa, registra o deserto marciano em 360 graus.
Mas uma selfie tirada pela câmera da Curiosity não é tão simples quanto aquelas que você posta no Instagram. Aqui o robô teve que tirar 81 fotos diferentes, que foram montadas e editadas para formar o panorama.
A câmera utilizada também não é qualquer uma. Trata-se do MAHLI (Mars Hand Lens Imager), um instrumentos instalado no fim do braço robótico do rover que funciona também como uma espécie de lupa para tirar fotos de minerais e superfícies rochosas.
O MAHLI é capaz de registrar imagens coloridas de objetos com até 12,5 micrômetros de diâmetro, menores do que um fio de cabelo humano. O instrumento também vem equipado com uma fonte de luz branca, como o flash de uma câmera de celular, e também uma fonte de luz ultravioleta, para conseguir fotos de dia ou de noite.
E não é só para ganhar curtidas nas redes que a Curiosity faz selfies em Marte. A prática, coordenada à distância pelos engenheiros da Nasa, também os ajuda a acompanhar a sonda e verificar se todos os seus componentes estão funcionando bem, da câmera ao braço robótico que a manuseia, seus sensores de direção e seus painéis solares.
Além disso, a foto divulgada nesta semana mostra não só a Curiosity, mas também uma imensa estrutura rochosa natural de Marte conhecida como “Frontão de Greenheugh”, e a chamada “Montanha Rafael Navarro”, batizada assim em homenagem a Rafael Navarro-González, um astrobiólogo que trabalhou com a sonda até falecer em janeiro de 2021.
No momento da foto, Curiosity seguia em direção a um pequeno cânion, visível atrás do veículo espacial à esquerda na imagem, batizado de “Maria Gordon” em homenagem a uma cientista do início do século 20 que estudou a região montanhosa das Dolomitas, na Itália — o que rendeu a ela o primeiro doutorado científico concedido a uma mulher no Reino Unido.
O rover tem passeado por Marte desde agosto de 2012, e já enviou para a Terra diversas fotos e selfies nos mais diferentes ambientes. Sua missão, assim como a dos outros robôs de origem humana vagando pelo planeta vermelho, é aprender mais sobre ele e, com sorte, encontrar evidência de que lá já houve alguma forma de vida.