Rio vai anunciar fundo público para incentivar a chegada de empresas de tecnologia, diz Paes

Durante sua participação no Web Summit Rio, prefeito Eduardo Paes comentou sobre a iniciativa que deve ser anunciada dentro de no máximo 15 dias, junto com outras medidas econômicas que possam atrair empresários do setor. Eduardo Paes concede coletiva no Web Summit Rio
Raoni Alves/g1
A Prefeitura do Rio de Janeiro deve anunciar nos próximos dias um fundo municipal público para incentivar empresas de inovação e tecnologia a se instalarem na cidade. A informação foi divulgada pelo prefeito Eduardo Paes, durante sua participação no Web Summit Rio, nesta quinta-feira (4), no Rio Centro, na Zona Oeste da cidade.
“O que nós devemos anunciar, provavelmente na próxima semana, no máximo em quinze dias, é um outro conjunto de medidas, entre elas a criação de um fundo público, onde o município vai aportar recursos para empresas que decidirem aqui se instalar, para incentivar iniciativas na direção da inovação e tecnologia”, disse Eduardo Paes.
O maior evento de tecnologia e inovação do mundo chegou ao fim nesta quinta-feira (4). Foi a primeira vez que o evento aconteceu fora da Europa. Empolgado com a realização do encontro, Paes reafirmou seu objetivo de transformar a cidade na capital da inovação na América Latina.
“Esse evento faz parte de um processo que nós entendemos como fundamental para o Rio de Janeiro. É uma espécie de ancora desse movimento, que pretende transformar o Rio na capital da inovação da América Latina. Isso é um esforço grande que estamos tendo nos últimos dois anos”, comentou.
“Nós vamos continuar trabalhando para construir um ecossistema, que não é um esforço só da cidade, tem a ver com o governo estadual, mas vamos continuar nos esforçando para construir essas condições”, disse o prefeito.
Cidade global
O prefeito do Rio de Janeiro participou de um painel sobre cidades do futuro, no palco principal do Web Summit, onde falou para centenas de investidores e executivos no setor.
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Durante sua apresentação, Paes comentou sobre o papel das cidades na economia mundial. Na opinião do prefeito, o Rio de Janeiro é uma cidade global e precisa cumprir seu papel para atrair as empresas de tecnologia e participar dos principais debates dessa indústria.
“As relações estão muito mais ligadas as cidades. O Rio é uma dessas cidades globais e um desses papeis é você estar na dianteira dessa rede de inovação e informação na área de tecnologia”, comentou Paes, antes de falar sobre algumas dificuldades para a cidade.
O prefeito falou sobre alguns programas do município, como o Programadores Cariocas, voltados para a formação de mão de obra qualificada, o que é uma necessidade das empresas do setor. Paes também reforçou a necessidade de uma reforma tributária a nível nacional.
“No nível municipal, você pode criar as condições, que vão desde a construção de mão de obra qualificada, (…) que é um problema, o que é inacreditável, um país com tanto desemprego, esse é um setor que tem dificuldade de encontrar mão de obra qualificada. A gente pode criar as condições do ponto de vista da burocracia, de carga tributária, que também são condições que no Brasil nem sempre são adequadas. É obvio que você faz as pressões no nível nacional, mas isso depende muito da cidade e das iniciativas locais”, argumentou o chefe do executivo.
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Questionado sobre como investir em tecnologia antes de resolver problemas básicos, como transporte e educação, por exemplo, Paes afirmou que o município não pode separar essas questões. Segundo ele, só com novos recursos será possível entregar serviços básicos de mais qualidade.
“Uma coisa ta conectada com a outra. Se você não cumprir com sua vocação, se não tiver parcerias com o setor privado, esse que ta aqui, que recolhe seus impostos, traz riqueza para a cidade e que gera emprego, você não vai ter nenhum recurso para tratar desses problemas. (…) O Brasil tem um pouco desse complexo de vira-lata, o Rio também, que é o pensamento de ‘primeiro eu vou resolver todos os problemas e depois vamos atrair esse capital’. Não. O Brasil está atrasado nisso. A disputa no mundo hoje é pelos chips e semicondutores. Quem é que vai ficar com essa indústria. O Brasil precisa ta conectado com esse debate”, disse Paes.
Inspiração em Lisboa
Eduardo Paes ainda comentou sobre o poder da tecnologia para aumentar as oportunidades para os jovens de comunidade. Segundo ele, 40% dos empregos gerados em favelas do Rio são ligados aos novos aplicativos.
“A gente precisa de uma carga tributária mais baixa, para que as pessoas acessem a tecnologia. Por que que as pessoas precisam acessar a tecnologia? Porque ela permite ter novas relações”, explicou.
Ao final do encontro, Paes comentou sobre a força do Web Summit no Rio e a inspiração em outras cidades que conseguiram melhorar sua economia através do mercado de tecnologia e inovação, como Lisboa, em Portugal, palco da versão europeia do Web Summit.
“Não tem dúvida que trazer o Web Summit foi uma inspiração em Lisboa. Portugal não era um país conhecido por essa área da economia. O Web Summit consolidou esse papel. Mas você vê em paralelo, por exemplo, eles têm lá uma empresa Startup Portugal, que é uma empresa com características independentes, mas é do governo, com o objetivo de fomentar. É um modelo que a gente quer repetir aqui. A gente tem o Invest.Rio, mas quem sabe uma empresa só para essa área. O modelo de Portugal nos estimula muito”, afirmou.
“O Web Summit não termina hoje. Não apenas pelas outras cinco edições, mas porque ele cria o ambiente propício para o mais importante. Estamos criando condições para o exercício que entendemos como natural no Rio”, concluiu Eduardo Paes.


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