Hoje em dia praticamente todo mundo tem um celular, independente da faixa etária. Crianças começam a ter contato com o aparelho cada vez mais cedo, e muitos pais acabam confiando no dispositivo até mesmo como uma fonte de segurança para os filhos.
Porém isso vem levantando muitas preocupações entre especialistas e reguladores, principalmente sobre o impacto dos celulares no bem-estar e na concentração das crianças durante o aprendizado. Dessa forma, alguns países, como o a França e a Itália, já começaram a proibir o seu uso nas escolas, e agora o Reino Unido pretende seguir esse caminho.
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Diretrizes oferecem opções para proibir uso do celular nas escolas
Atualmente algumas escolas do Reino Unido já contam com políticas de proibição de celulares, mas elas ainda não são generalizadas e nem uniformes, e por isso as novas diretrizes chegam com o intuito de trazer uma adoção maior.
Gillian Keegan, secretária de estado para educação do Reino Unido, enfatizou a importância de obter clareza e consistência na prática, apoiando líderes escolares e instilando confiança no pessoal para agir. Keegan afirmou que “As crianças de hoje estão crescendo em um mundo cada vez mais complexo, vivendo suas vidas online e offline. Ao proibir telefones celulares, as escolas podem criar ambientes seguros e calmos, livres de distrações, para que todos os alunos possam receber a educação que merecem.”
Enquanto o governo do Reino Unido incentiva as escolas a desenvolverem suas próprias políticas, as diretrizes oferecem várias opções que podem ser usadas para isso. A abordagem mais rigorosa envolve uma proibição completa de telefones celulares dentro das dependências escolares.
Porém, exatamente por ser mais rigorosa, essa abordagem acaba trazendo alguns pontos negativos, como por exemplo complicações ou riscos durante a viagem das crianças de ida e volta à escola. Por isso, as diretrizes propõem uma alternativa: fazer com que os alunos entreguem o celular ao chegar na escola.
Outra opção é a de designar armários específicos ou espaços de armazenamento pessoal para os alunos guardarem seus telefones durante o dia, garantindo que eles continuem em posse do aparelho, mas tornando-os inutilizáveis mesmo durante os intervalos das aulas.
A última opção, que atualmente é a mais adotada por muitas escolas, permite que o aluno mantenha o celular em sua mochila, desde que permaneça desligado e inacessível durante o horário escolar.
As diretrizes também enfatizam a importância de educar os alunos sobre o potencial impacto prejudicial dos telefones celulares em seu bem-estar, especialmente os efeitos negativos das redes sociais na saúde mental. Ao abordar o problema generalizado das redes sociais, aliado à restrição do uso de telefones, o governo do Reino Unido acredita que as escolas podem aprimorar a concentração dos alunos, incentivar a atividade física e promover interações presenciais entre os colegas.
Os pais são incentivados a entrar em contato diretamente com as escolas para se comunicarem com seus filhos, em vez de usar telefones celulares dos mesmos. As diretrizes também incentivam os pais a discutir as regras em casa, enfatizando os riscos associados ao uso de telefones e à internet.
Brasil também segue nesse caminho
Essa iniciativa não acontece apenas no Reino Unido, e está alinhada com esforços internacionais mais amplos para equilibrar os benefícios e desafios decorrentes da presença da tecnologia em ambientes educacionais.
No Brasil essa discussão também existe e no começo do ano, mais precisamente a partir do dia 2 de janeiro, o Rio de Janeiro passou a proibir o uso de celulares e outros dispositivos tecnológicos nas escolas da rede pública municipal. O decreto foi publicado em Diário Oficial.
Essa proibição vale tanto para quando os alunos estiverem em aula quanto para momentos de intervalos e recreios e durante esse mês de fevereiros as escolas já começaram com ações de conscientização para que os alunos possam entender melhor e se adequar a essas novas regras.
De acordo com o secretário de Educação, Renan Ferreirinha, o novo decreto tem como objetivo trazer um uso mais consciente da tecnologia.
“A gente não é contra o uso de tecnologia na educação, mas ela precisa ser usada de forma consciente e responsável. Do contrário, em vez de uma aliada, ela pode se tornar uma vilã do processo educacional”
Assim como acontece com a diretriz mais usada em escolas de outros países, o decreto permite que os alunos fiquem com seus aparelhos guardados na mochila ou na bolsa, porém eles precisam estar ou desligados ou em modo silencioso para evitar distrações.
“Na consulta foi possível perceber que professores, famílias e a sociedade em geral têm cada vez mais consciência que há um uso excessivo pelas crianças do celular, das redes sociais. Da mesma forma que em casa, os pais precisam estabelecer regras e limites para uma boa criação dos filhos, não deve ser diferente na escola. Para isso, regras são fundamentais e é justamente isso que queremos com essa medida”
Fonte: engadget