Reentrada de lixo espacial assusta moradores do Nordeste

Moradores de diversas partes do Nordeste foram surpreendidos por um fenômeno raro e assustador na noite de sexta-feira (22): uma enorme bola de fogo cruzou os céus por volta das 22h30 (pelo horário de Brasília), deixando um rastro de detritos luminosos por onde passava. 

Vários registros em vídeo que captaram o objeto luminoso “rasgando” o céu foram publicados nas redes sociais. A Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon) informou ter recebido relatos desde Goiás, passando por Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte. 



Dados sobre o lixo espacial que rasgou os céus do Nordeste

De acordo com Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA), membro da Sociedade Astronômica Brasileira (SAB), diretor técnico da Bramon e colunista do Olhar Digital, após análise das imagens e dos relatos, concluiu-se que o fenômeno foi provocado pela reentrada de lixo espacial na atmosfera da Terra. “Mais precisamente, do segundo estágio do foguete chinês Long March 2C, lançado em 25 de fevereiro de 2018”, revelou.

Segundo Zurita, com 7,8 metros de comprimento e 3,35 metros de diâmetro, o segundo estágio do foguete pesava cerca de 3,2 toneladas e reentrou na atmosfera a aproximadamente 26 mil km/h. “A essa velocidade, o impacto do foguete com nossa atmosfera cria uma bolha de plasma incandescente que brilha intensamente e, aos poucos, vai destruindo e vaporizando o objeto”. 

Ainda de acordo com o especialista, como isso ocorre em altitudes muito elevadas (geralmente entre 100 e 70 km acima do solo), o fenômeno pode ser visto a longas distâncias. 

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“Além disso, o ângulo muito raso com que esses lixos espaciais atingem a atmosfera possibilita que eles percorram enormes distâncias enquanto se desintegram”, explica Zurita. “Juntos, esses dois fatores permitiram que a reentrada fosse vista de praticamente todo o Nordeste”.

O astrônomo ressalta que, embora pareça algo assustador, reentradas como essa não oferecem grande risco para a população em solo. “A maior parte do corpo do foguete é completamente vaporizada durante a passagem pela atmosfera”. 

No entanto, cerca de 30% do material pode acabar resistindo e atingir alguma residência ou até mesmo alguém. “Os riscos são muito baixos, mas como a quantidade de lançamentos e, consequentemente, de material reentrando na atmosfera vem aumentando nos últimos anos, isso pode passar a ser uma preocupação em um futuro próximo”.


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