Depois de lançar o celular dobrável moto razr em 2019, com visual inspirado no lendário V3, a Motorola volta ao mercado brasileiro com um novo modelo top de linha: o moto razr 40 Ultra, que tem como grande diferencial uma telinha externa.
Com ela, dá para fazer uma série de atividades sem precisar abrir o telefone, como responder mensagens no WhatsApp, navegar no Google Maps, assistir a um vídeo no YouTube ou jogar games simples.
O lançamento chega para bater de frente com a Samsung, que nada de braçada no ramo com modelos lançados anualmente no formato flip, mas ainda não tem um com tela externa grande, como o razr 40 ultra — a marca sul-coreana deve apresentar um concorrente em breve no fim de julho.
Abaixo, falo das impressões de usar o dobrável da Motorola e como ele se compara à opção da concorrente sul-coreana, Z Flip 4:
Pontos Positivos
- Telefone compacto e que cabe quase em qualquer bolso
- Alternância entre tela externa e principal é bem fluída
- Tela externa ajuda a ver notificações e responder mensagens sem abrir o telefone
Pontos Negativos
- Tela externa fica com muita marca de dedo
- Quem mexe tem a impressão de ser frágil
- Processador não compromete experiência, mas não é o último lançamento
Diferente do primeiro Razr, o Moto Razr 40 Ultra é mais gordinho. Então, ele dobrado fica um pouco mais espesso, mas não atrapalha colocá-lo no bolso — mesmo em de calças femininas, que costumam ser menores.
Algo curioso ao abri-lo é que sua tela é um pouco inclinada para frente. Aliás, essa é uma diferença considerável aos modelos da Samsung.
O fato de ser um pouco inclinada faz com que o telefone feche perfeitamente. No Z Flip 4, da Samsung, há uma leve inclinação na dobradiça e ímãs que ajudam o telefone a ficar fechado e para que haja uma leve resistência em abri-lo — essa foi uma característica que gostei na opção da marca sul-coreana, pois fez eu usar menos o telefone. A barreira, digamos, mecânica dificulta a abertura só com uma mão.
Dito isto, a opção da Motorola é mais fácil de abrir, pois parece que todo o mecanismo para fechá-lo está concentrado na dobradiça mesmo, sem a adição de ímãs. Ao mesmo tempo, o celular é “menos rígido” quando dobrado, o que pode passar uma impressão de “molenga”, sobretudo para quem usou previamente o aparelho da Samsung. Mesmo assim, isso não foi um problema durante o uso, e o razr 40 Ultra não apresentou nenhum problema “mecânico”.
No que diz respeito a acabamento, o razr 40 Ultra é revestido na lateral de uma liga metálica, e a traseira (sem tela) parece ser de alguma espécie de plástico em um tom de preto fosco.
Como é praxe da marca, na caixa vem uma capinha tanto para essa parte de plástico como a parte da tela externa.
O razr 40 ultra não é resistente à água, mas consegue sobreviver bem a poeira e gotas d’água. Em comparação o Z Flip 4 tem certificação IP68, podendo ficar embaixo d’água por um tempo.
Fechado, o Moto razr 40 Ultra tem uma tela de 3,6 polegadas (9,14 cm na diagonal). A real é que a telinha é a grande característica do telefone. A navegação por ela é fluída, e com um bom nível de brilho e contraste.
Aberta, a tela de 6,9 polegadas (17,5 cm na diagonal), como outros dobráveis, tem um leve vinco na parte central. Não chega a incomodar, mas quem vê o telefone pela primeira vez estranha, dado que a maioria dos telefones tem tela plana.
A qualidade da tela é ótima para assistir filmes, e o nível de brilho é o suficiente para usá-lo em dias ensolarados. O que talvez seja alvo de estranhamento é o tamanho. O display é um pouco “mais alto” que os telefones convencionais. Tudo questão de costume.
O moto razr 40 ultra tem hardware igual ao Z Flip 4, da Samsung, de 2022: chip Snapdragon 8+ Gen 1 e 8 GB de RAM. Não tive grandes problemas de travamento em qualquer tarefa que realizei — de rodar games mais pesados a tirar fotos. No entanto, isso pode desagradar quem prioriza ter o último processador do momento.
Questões técnicas à parte, o interessante do telefone é a boa integração entre telinha e telona.
Você pode começar ver algo na telinha, abrir o telefone e continuar na telona — o contrário também é possível, mas nem sempre faz sentido. Ver fotos do Instagram, por exemplo, na tela externa não é muito legal, até pelo formato retangular das imagens da rede social. Nem tudo se adapta facilmente ao display externo.
Não cheguei a usar menos o telefone aberto, como o Z Flip 4, porém dá para resolver boa parte das coisas só pela telinha. Ver ou dispensar notificações, digitar mensagens no WhatsApp e assistir a vídeos do YouTube foram minhas principais tarefas.
Na flex view, usando-o dobrado em “L” ou “/”, ele fica bem estável e ajuda nas mais distintas tarefas — ainda mais como “tripé” para fotos (apoiando-numa mesa) ou em chamadas de vídeo. Por ser mais rígido, o Z Flip 4, por exemplo, não fica na posição de V invertido: “/”.
O conjunto de câmeras do razr 40 ultra é ok, mas o destaque deve ser para a dupla de sensores, que deve fazer a maior parte do trabalho.
A dupla tem um sensor de 12 MP com estabilização óptica, e um híbrido de 13 MP (macro e ultra-wide). Apesar de não serem câmeras com resolução gigantesca, são mais que o suficiente para fotos, selfies e vídeos. As cores são corretas, e o nível de contraste é bem equilibrado, sem grandes exageros causados por inteligência artificial.
Fotos tiradas como o moto razr 40 ultra
A função de fazer a pessoa fotografada pré-visualizar a imagem é talvez umas das coisas mais legais do celular dobrável. Com isso, fica difícil ter de ouvir reclamação que a foto ficou feia, pois dá para ter uma noção clara de como vai sair.
Meu único problema de uso é que às vezes ao tirar selfie com o celular fechado, a imagem resultante saía de cabeça para baixo. Não consegui notar um padrão de quando ele “inverte” a foto, mas isso era fácil de resolver ao rotacionar a imagem antes de enviar para alguém, por exemplo.
Já a câmera de selfie (mostrada apenas ao abrir o telefone) tem 32 MP, mas não é das melhores. Ela faz fotos e vídeos de qualidade satisfatória em condições boas (local bem iluminado e imagens durante o dia, de modo geral).
Essa foi uma impressão parecida com a que tive com o Z Flip 4. Apesar dos dobráveis serem aparelhos caros, não são ainda os que têm as melhores câmeras das marcas. No entanto, afirmo com tranquilidade, que elas fazem vídeos e fotos bonitas, mas não sensacionais.
Os dobráveis flip não têm grande capacidade de bateria – a ideia é que os telefones sejam portáteis e o mais fino possível. Dito isso, em uso intenso, eu não consegui passar um dia todo sem carregar o moto razr 40 ultra ao menos um pouco.
Saindo de casa às 6h30 com 100% de bateria, ele chegou aos 16% próximo das 18h15. Nesse período, usei predominantemente a tela externa, e estive com ele totalmente aberto por 4h e 3 minutos, vendo Instagram, subindo arquivos no Google Drive e conectado ao WhatsApp Web quase o dia todo. Vale ressaltar que a maior parte do dia fiquei só usando conexão móvel 4G ou 5G – o que fez aumentar o consumo.
Quando trabalhava de casa, portanto conectado a uma rede wi-fi todo o dia, ele chegava até umas 22h, começando por volta das 8h.
Se bateria é uma preocupação para você antes de comprar um dobrável flip, tente dar uma olhada em como você usa o seu celular atual. Vá em Configurações > Bateria (ou Configurações > Assistência do Aparelho e Bateria e toque em Uso de Bateria, no caso de um celular Samsung). Para mim, não aguenta um dia todo.
O razr 40 ultra vem com um carregador de 33W na caixa. Então, ele vai de 0 a 100% em 1h5m.
A Motorola tem no momento a opção mais cara entre os flips dobráveis com preço sugerido de R$ 8.000, e tendo como grande diferencial a tela externa maior, que ajuda a pré-visualizar fotos, notificações e responder mensagens. Além disso, o celular vem com carregador de 33W e uma capinha para o telefone.
O moto razr 40 ultra é rápido e tem boas câmeras e é mega portátil. Sem contar que é uma escolha para quem prioriza o fator novidade, gosta da Motorola e tem saudades do V3.
Durante meu uso, as mulheres foram as que mais curtiram mexer no aparelho e amaram o fato de ser mais compacto e a tela externa. Esse é o grande diferencial do telefone e um motivo para quem quer entrar no ramo dos dobráveis.
É inegável que o telefone está com um preço alto, mas, com é praxe, deve cair com o tempo.
Aliás, entre os concorrentes isso fica muito claro. O Z Flip 4, lançado no ano passado e com uma tela externa menor, é encontrado no varejo por R$ 4.000 e tem especificações parecidas com a do razr 40 Ultra (processador e memória) — quando foi lançado, custava R$ 7.000.
É provável que baixe mais ainda, pois a Samsung deve lançar um novo Z Flip 5 para fazer frente ao moto razr 40 Ultra no fim de julho – inclusive, este novo modelo da marca sul-coreana deve ter também uma telinha externa. A briga tem tudo para ser boa.