Por que cofundador do YouTube considera um perigo remover dislikes do site

Se teve quem curtiu a ideia do YouTube de tirar o botão de dislike de todos os vídeos, uma pessoa em especial não gostou: um dos cofundadores da plataforma, Jawed Karim. Em uma publicação em um vídeo no YouTube, Karim disse que a remoção das “curtidas negativas” representa um perigo para o serviço.

Depois que o YouTube anunciou na última semana que o número de curtidas negativas em seus vídeos seriam ocultados do público geral – ficando disponível apenas para quem fez a publicação -, Karim decidiu expressar sua opinião por meio do primeiro vídeo publicado na história do YouTube, em que o próprio cofundador aparece em um zoológico.

Ele escreveu, na descrição do vídeo, que as razões por trás da mudança não envolvem apenas um movimento da plataforma de tentar evitar que outras pessoas sejam influenciadas a dar dislike em um vídeo, tampouco parar com os ataques de bots que dão milhares de curtidas negativas.

Segundo Karim, os motivos reais da mudança nunca serão divulgados pelo YouTube, mas afirmou que a movimentação representa um perigo.

“Poder identificar facilmente um conteúdo ruim é essencial para uma plataforma de conteúdo gerado pelo público”, ele argumentou. “Isso porque nem todo o conteúdo produzido é bom. E tudo bem. (…) O processo [de identificar vídeos com reações negativas] é quebrado quando a plataforma interfere nisso. Depois, a plataforma entra em declínio. O YouTube quer ser um lugar onde tudo é medíocre? Porque nada pode ser ótimo se nada é ruim”, finalizou.

A reação de Karim vai no sentido contrário do experimento conduzido pelo próprio YouTube, em que eles testaram qual seria o comportamento dos espectadores com o número de dislikes ocultos.

No teste, eles perceberam que quando a informação não aparece para o público, eles ficam menos inclinados a também darem uma curtida negativa naquele conteúdo. Ou seja: muita gente sai dando dislike só porque vê que um vídeo já possui várias reações negativas. Praticamente, um efeito manada.

Isso é prejudicial principalmente para os criadores de conteúdo que estão começando agora na plataforma, que eram vítimas frequentes de ataques coordenados de dislikes por bots ou comunidades.

Apesar de ocultar o número de curtidas negativas, o YouTube não sumiu com a informação: quem publica o vídeo continuará a ver os dados de forma privada, permitindo que eles entendam se a audiência está gostando ou não do conteúdo.

O YouTube foi comprado pelo Google em outubro de 2006 por US$ 1,65 bilhões. Além de Karim, a plataforma de vídeos foi cofundada por Steve Chen e Chad Hurley.


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