Por que as campainhas inteligentes viraram uma febre nos Estados Unidos?

Depois de conectar aparelhos como televisão, lâmpadas e até mesmo a geladeira, as empresas de tecnologia dos Estados Unidos estão apostando em um novo segmento que já virou uma febre por lá: as campainhas inteligentes.

Trata-se de uma evolução das campainhas com vídeo que já conhecemos, muitas delas vistas em filmes de Hollywood, pois elas permitem que você atenda à porta da frente mesmo que você não esteja em casa. Quando alguém toca a campainha, você recebe um alerta no seu celular, não importa onde você esteja.

Segundo a consultoria Strategy Analytics, em 2020 foram vendidos mais de 20 milhões de unidades nos EUA, motivados pelo aumento de interesse de dispositivos inteligentes durante a pandemia.

É possível ver e se comunicar com quem está na porta, pedindo para a pessoa esperar que você chegue ou dizendo que não está em casa, no caso de uma visita inesperada. Além disso, as campainhas inteligentes servem como equipamento de segurança e algumas empresas já fornecem serviços de monitoramento específicos para elas.

É o caso da Amazon, que adquiriu recentemente a Ring, especialista do setor de campainhas inteligentes, por mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,45 bilhões no câmbio atual). A companhia de Jeff Bezos vende o serviço “Ring Protect Pro” por US$ 20 mensais, algo em torno de R$ 108 na cotação atual.

A empresa promete monitoramento 24 horas por dia, além de fazer contato automático com a polícia, os bombeiros e as centrais emergência, e armazenamento em nuvem. O serviço funciona junto com o sistema “Amazon’s Ring Alarm Pro”, por US$ 299 (aproximadamente R$ 1.622).

Trata-se de um kit de segurança compatível com Alexa que vem com uma campainha inteligente, sensores de contato para janelas, sensores de movimento e que ainda funciona como Wi-Fi. Com a tecnologia da Eero, a campainha cobre uma área de até 139 metros quadrados — o suficiente para uma residência de grande porte.

Arma contra os “piratas de varanda”

Além da praticidade ao atender a porta, de funcionar como sistema de segurança, existe um quarto motivo para as campainhas inteligentes estarem virando febre nos EUA. Elas podem impedir o roubo de entregas deixadas na porta por serviços de delivery.

Ao contrário do Brasil, onde os produtos são entregues nas mãos do comprador (ou de alguém que esteja em casa e, até mesmo, na casa de um vizinho), nos Estados Unidos é comum que as compras sejam deixadas na porta. O entregador apenas aperta a campainha e vai embora, sem verificar se o produto foi realmente entregue.

Nos EUA, entregadora da Amazon deixa pacotes dentro de garagem de casa; sistema permite que portador faça entrega e saia em seguida

Imagem: Amazon

As campainhas inteligentes podem ajudar a evitar que roubos de encomendas aconteçam ou pelo menos ajudem a identificar quem causou o furto. Esse é um verdadeiro problema de segurança pública nos Estados Unidos. De acordo com o Instituto Politécnico Rensselaer, mais de 1,7 milhão de pacotes foram furtados por dia em 2020.

Autoridades do país acreditam que os números deste tipo de crime sejam ainda maiores, já que muitas vítimas não se dão ao trabalho de denunciar. O fenômeno é tão grande por lá que existe até um termo para quem rouba encomendas na porta das casas: são os “piratas de varanda”.

Por fim, outro motivo para a febre é a mobilidade. Se você tiver uma fechadura eletrônica, basta abrir a porta da frente para a pessoa entrar depois de verificar a identidade através do app da campainha inteligente. Essa combinação dos produtos pode ajudar pessoas com mobilidade reduzida, como cadeirantes.

No Brasil, empresas como a Positivo e a Intelbras vendem campainhas inteligentes (geralmente sob o nome de “smart vídeo porteiro”), controláveis por app e compatíveis com Alexa ou Google Assistente. Os valores variam de R$ 400 a R$ 600.


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