Por mais complicado que seja, se puder, leve seu filho no Rock in Rio – Prisma


Na minha memória afetiva, guardada a sete chaves (mesmo que esteja se deteriorando com o tempo), lá está. Doce como fruta proibida, ou licor na adolescência: eu era jovem quando fui a um Rock in Rio.


21 de janeiro de 2001. Não sabíamos no dia… mas minha madrinha nos levava, eu e meu meio-irmão, para o maior festival de Rock do Planeta.


O que eu vi, o que eu ouvi… não imaginava que seria tão significante para toda a vida. Que me definiria em tantas coisas. Eu fui. Você foi?


Eu fui mesmo sem saber quem tocava. Ou o que tocava. Me senti identificado quando o Tianastacia, uma banda de Minas, tocou Faroeste Cabloco no palco alternativo. Ou livre ao gritar “é a p*** do Brasil”, no show do Capital Inicial, mesmo repreendido pela madrinha. E continuar gritando. Até hoje.



Foi uma sensação de pertencimento mágico. Ali, com o olhar fixo no palco que mal enxergava. Foi como se sentisse tudo. Fome de música e sede de Mundo. A adolescência fez sentido. Rock!


Sei que foi um desafio para ela. Não é um ambiente estruturado para receber famílias. Ela foi ousada. Madrinha: sou eternamente grato por você sacrificar sua comodidade e me permitir vivenciar… Isso… tudo Isso.


E neste ano, para você que vai ao Rock in Rio, te proponho o mesmo. Leve seu filho ou afilhado adolescente ao Rock in Rio. Faça o impossível, supere todos os desafios e construa momentos mágicos. Pois isso é Rock in Rio: significar histórias marcantes em nossas vidas.


Rock in Rio, Pulso Cultural


O Rock in Rio tem como vocação seu papel social de pulso cultural, uma onda litorânea da arte que, mais do que o Oceano Atlântico, é capaz de inundar todo o país.


Muitos são aqueles que se inspiraram neste evento internacional, como um combustível capaz de te teletransportar do público aos palcos.


Sei que o romantizar é ignorar seu verdadeiro objetivo principal, o viés mercadológico. Ou seus problemas estruturais, ou qualquer outro tipo de problema que quiser evidenciar ao festival, como a escassez de Rock.


Mas, de fato, não vejo outro movimento artístico tão impactante ao longo dos anos como ainda é o Rock in Rio, capaz de atingir o país como um todo. Não há outro festival, ou política cultural (de Secretarias ou Ministérios) com essa capacidade de fomentar a arte.


Aqui em Minas Gerais, para o portal R7, conversei com o Valério Sales do Holocausto, banda da primeira geração do metal mineiro (com Sepultura, Sarcófago, Overdose e Mutilator). Ele foi na primeira edição do festival, em 1985.


“O Rock in Rio mudou toda a nossa ideia. Após o Rock in Rio as coisas ficaram mais próximas. Vimos AC/DC, Ozzy Osborne, Scorpions e Whitesnake. Fomos eu, minha namorada, meu cunhado e um amigo. De lá a gente voltou com a ideia de montar uma banda de rock, de heavy metal”, disse Valério. A entrevista completa pode ser ouvida aqui.


Ainda para o Podcast, Fernanda Takai, do Pato Fu, contou sobre o que significou quando uma vizinha a levou para um show de rock na adolescência.


“Antes havia vários shows eu queria ir, mas meus pais não deixavam porque era muito nova. Mas, felizmente, tinha uma vizinha com filhas da minha idade. Ela me levou para ver Rita Lee no Estádio do Mineirinho, em Belo Horizonte. Fez o favor para que eu presenciasse aquele show da Rita em carreira solo. Ver uma mulher tocando guitarra, comandando trinta mil pessoas no Estádio, foi incrível. Foi importante para mim”, contou a vocalista do Pato Fu.


Aliás, o Pato Fu possui uma linda história relacionada ao Rock in Rio. Daria um bom livro, ou uma bela canção ao estilo opera rock.


O guitarrista John Ulhoa foi no Rock in Rio I, no dia do New Wave, onde tocou Nina Hagen, B-52’s. Fernanda Takai foi na segunda edição, no dia que tocou George Michael e Listen Starfield. E ambos tocaram juntos no Rock in Rio III com o Pato Fu. Do público para o palco!


“A gente ficou muito feliz. Quando fomos convidados tínhamos um desafio: em que noite a gente ia cair? As apresentações eram segmentadas. Primeiro iríamos tocar no dia teen. Depois trocaram para o dia do Guns N’ Roses. Fizemos um show mais pesado que podíamos. Tinha quase cem mil pessoas quando tocamos. A gente nem via o fim da plateia. O Rock in Rio III foi um marco. No dia seguinte demos muita entrevista para rádios do México e Estados Unidos. Foi neste ano que o Pato Fu foi selecionado pela Revista Times entre as bandas mais legais fora dos Estados Unidos, com RadioHead e U2”, relembra Fernanda Takai.


Mais sobre essa entrevista você pode ouvir aqui.


Rock in Rio é sobre isso: a capacidade de inspirar sonhos e reverberar arte. Enquanto houver essa vocação, ainda há significado em “eu vou” e “eu fui”. E sim, leve seu filho. No futuro, nem que seja décadas depois, ele vai agradecer.


Termo de Responsabilidade 


A classificação etária do festival, de acordo com o site oficial, é de 16 anos. Para a entrada de menores de 16 anos, será necessário “que estejam acompanhados dos pais ou responsáveis legais (ascendentes ou colaterais até o 4º grau), que deverão entregar o termo de responsabilidade do acompanhante”. Para mais dúvidas, pesquisar sobre o termo de responsabilidade no site oficial.


Também há uma restrição para crianças menores de cinco anos no evento após às 22 horas, por orientação do Ministério Público, informa o site oficial.


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