Pescadores franceses bloqueiam cidade portuária contra medida pós-Brexit

O porto de Saint-Malo, na França, amanheceu hoje com um protesto de pescadores bloqueando um barco para travar o túnel do Canal da Mancha. Os manifestantes pedem para que seja feito um novo acordo entre os governos francês e britânico para liberar mais licenças de pescas no território do Reino Unido.

A quantidade de permissões foi alterada com o Brexit, ou seja, a saída do Reino Unido do bloco da União Europeia. Um acordo comercial assinado no final de 2020 prevê que os pescadores europeus devem provar que já pescavam nessas águas para continuarem tendo acesso.

No entanto, o Reino Unido e a França diferem quanto ao tipo e ao escopo dos documentos comprovativos.

Para atingir o comércio britânico, uma entrada do Eurotúnel ficará obstruída pelo protesto até o fim da tarde. 25% das mercadorias trocadas entre o Reino Unido e a Europa precisam passar pelo túnel.

Segundo o acordado entre a classe trabalhadora, o portos de Calais e Ouistreham também serão alvos de protestos ao longo do dia.

Histórico de tensões

Desde 1º de janeiro de 2021, a França obteve “mais de 960 licenças” para pescar nas águas do Reino Unido e das Ilhas Britânicas ao largo da costa francesa da Normandia, mas Paris ainda reivindica mais de 150 autorizações, de acordo com o Ministério do Mar.

“Não queremos esmolas, só queremos nossas licenças de volta. O Reino Unido deve respeitar o acordo pós-Brexit. Muitos pescadores ainda estão de fora”, afirmou Gérard Romiti, chefe do Comitê Nacional de Pesca, que reúne sindicatos do setor, à AFP.

As manifestações ocorrem em um momento de tensão aumentada entre os dois países com a crise de migrantes, que culminou essa semana na trágica morte de 27 pessoas depois de um barco ter virado no Canal da Mancha.

Resposta internacional

O governo britânico, que se disse “decepcionado” com essas “ameaças de protesto”, pediu à França na noite de quinta-feira que “assegure que esses atos ilegais não sejam cometidos e que as trocas comerciais não sejam afetadas”.

A Comissão Europeia, que a França pediu para ser “mais ativa” em sua disputa com o Reino Unido, demandou ao governo britânico que resolva a questão até 10 de dezembro, um “ultimato” celebrado pelos pescadores, que também destacaram o apoio do governo francês.

*Com informações da AFP


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