Um “parente” antigo do Homo sapiens já andava como os seres humanos há cerca de 2 milhões de anos. A criatura, que vivia na África do Sul, escalava de forma semelhante aos macacos, mas a descoberta de novos fósseis da parte inferior das costas do Australopithecus sediba acabaram com discussões que se arrastavam por décadas sobre quando os hominídeos começaram a se mover.
O estudo do corpo dessa espécie revelou uma espinha dorsal curva, sugerindo que esses indivíduos passavam muito tempo andando sobre duas pernas, apesar de também utilizarem seus membros superiores para escalar, como os primatas.
A descoberta foi analisada por um time de pesquisadores liderado por membros da Universidade de Nova York e da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, na África do Sul. Os cientistas usaram ossos encontrados em uma caverna do país africano para reconstruir o que é considerado um dos mais completos fósseis das costas de um hominídeo até os dias de hoje, segundo informou o tabloide britânico Daily Mirror.
O Australopithecus sediba entrou no dicionário científico pela primeira vez em 2010, quando foi descrito pelo pesquisador Lee Berger e seu time na universidade sul-africana.
À época, o professor e seu filho de apenas nove anos, Matthew, encontraram os primeiros restos da espécie na Caverna Malapa, a 45 quilômetros a noroeste de Joanesburgo, situada na região reconhecida como “Berço da Humanidade”. Mais tarde, os ossos foram identificados como pertencendo a um menino, que ganhou o nome de Karabo, e a uma mulher adulta.
Os últimos sinais do Australopithecus sediba foram encontrados em 2015, durante escavações em uma mina ao lado da mesma caverna. Eles incluem quatro vértebras da parte inferior das costas de uma mulher, além de um osso chamado sacro, que também fica na base da coluna vertebral, ligando a espinha à pélvis.
A fêmea ganhou o nome de Issa, que significa “protetora” em Swahili, língua da África Oriental. Foi ela que levou à nova análise sobre o comportamento da espécie ao se locomover.
Antes do novo ponto de vista, outra ligação entre os indivíduos e o Homo sapiens sapiens já havia sido notada: a presença de cinco vértebras na região da lombar.
“A região lombar é importante para entender a natureza do bipedismo nos nossos ancestrais mais antigos e para entender o quanto eles se adaptaram a andar em duas pernas”, explicou o professor Scott Williams, da Universidade de Nova York.
“Séries associadas de vértebras lombares são extraordinariamente raras nos registros de fósseis de hominídeos, com apenas três espinhas inferiores já encontradas comparadas a essa em toda a história da pesquisa da África antiga”, completou.