Orkut completa 20 anos e é lembrado por comunidades icônicas

Icônica rede social dos anos 2000, o Orkut completaria exatos 20 anos nesta quarta-feira, 24. A plataforma foi uma das primeiras mídias sociais do mundo, quando a internet ainda engatinhava. Certamente o Orkut é memorável para os mais velhos e direcionou o que seria a internet contemporânea.

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As inesquecíveis comunidades com nomes diferentes e engraçados são a principal característica da rede social. Por meio delas, foi criada uma cultura de sarcasmo que antecede os memes. Além disso, o Orkut tinha aquelas páginas azuis que deixavam os adultos emocionados, em que era possível deixar depoimentos gigantes sobre os amigos.

O Orkut foi fundado pelo homônimo engenheiro de software turco Orkut Büyükkökten. Ele criou a rede social como um projeto durante o curso que fazia na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.

Em 24 de janeiro de 2004, Büyükkökten, então com 28 anos, lançou o site para todo o mundo. A versão em português chegou ao Brasil em 2005. Depois de alguns anos, com o sucesso, o Google comprou a plataforma.

Orkut era usado para reencontrar pessoas

O consultor jurídico e redator Randall Neto se recorda de quando a plataforma tomou notoriedade no Brasil. “A gente tinha uma espécie de ‘blogosfera’, e alguém comentou sobre o Orkut”, contou à Folha de S.Paulo. “Fui ver do que se tratava e não me pareceu legal. De repente, estava todo mundo falando, e eu entrei.”

Na época, com quase a mesma idade do criador do Orkut, Neto percebeu que a rede social poderia proporcionar a oportunidade de reencontrar pessoas da escola e da faculdade. Afinal, em 2004, não era uma tarefa simples encontrar amigos perdidos no mundo.

“Ao longo do tempo, fui descobrindo coisas de que mais gostava”, disse Neto. “Veio o lance dos depoimentos, e eu gostava de fazer depoimentos personalizados. E, claro, vieram as comunidades.”

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As comunidades talvez sejam a parte mais lembrada do Orkut pelos saudosistas. Nelas era possível reunir pessoas com interesses comuns, como quem gostava de mangá, cinema, cachorros ou até comidas específicas. Porém, a grande notoriedade e o legado que as comunidades deixaram foi a gozação. 

Os usuários usavam a criatividade e criavam comunidades para tirar sarro de coisas do dia a dia. Algumas famosas, como “Eu tenho medo do Plantão [da Globo]”, “Tô com fome e já escovei os dentes” e “Anão vestido de palhaço mata 8”, contavam com milhões de brasileiros.


Orkut era a rede social mais utilizada no Brasil

Até 2011, o Orkut era a rede social mais utilizada no Brasil e no mundo, quando o Facebook assumiu a liderança. Neto utilizava a plataforma e lembra de algumas comunidades de que participava.

“‘Tinha medo da Gina do Palito’ e ‘Queria sorvete, mas era feijão’”, lembrou o consultor jurídico. “Tinha algumas esclarecedoras, como ‘Bom dia não é eu te amo’, e uma que me representava demais, a ‘Abro a geladeira para pensar’. Mas, de todas, a minha favorita era ‘Jogar WAR é bom, mas dá merda’.”

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As comunidades poderiam ser criadas por qualquer usuário do Orkut, e outros usuários poderiam entrar para fazer parte delas. Era comum criar comunidades para colegas de trabalho ou de estudos. Neto lembra de ter criado algumas para os amigos da empresa.

Para participar das comunidades não era necessário fazer publicações nem outras interações. Ela apenas existia com os participantes. Em alguns casos havia algum tipo de movimento, mas de modo geral servia para mostrar o senso de humor daquele usuário.

“Acho que a gente achava engraçado, porque elas davam algum tipo de solenidade a uma ideia tosca e engraçada”, comentou Neto. “Que, por alguma razão, encontrava conexão com outras pessoas.”

O Orkut começou a perder relevância no mercado para os concorrentes Facebook e Twitter. Em 2011, a plataforma fez um novo site, considerado mais moderno, para tentar recuperar o público. A estratégia não funcionou, e em setembro de 2014 a rede social foi extinta.

Polêmicas

A mídia social não teve só bons momentos até sua extinção. O Orkut foi alvo do Ministério Público Federal, que intimou os diretores do Google no Brasil para explicarem crimes ocorridos dentro da plataforma.

De acordo com a denúncia da ONG Safernet, o site teria distribuído pornografia infantil. Além disso, a rede social foi investigada por crimes contra os direitos humanos e por facilitar o tráfico de drogas.

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Hoje o mercado que o Orkut ocupava é dominado pela Meta, dona do Facebook e do Instagram, pelo Twitter/X e pelo Tiktok.

Quando o extinguiu, o Google informou que iria manter as comunidades do Orkut no ar, como um museu. Mas, três anos depois, a empresa excluiu o site.


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