O que faz influenciadores chineses saírem de casa para fazer vídeos ao vivo em ruas de bairros ricos

Vídeos mostram grupos reunidos para fazer lives em redes sociais como o Douyin, versão do TikTok para a China. Estratégia é usar recursos de localização para atrair doações maiores de moradores desses locais. Influenciadoras se reúnem em ruas de regiões ricas da China em uma tentativa de ganhar mais dinheiro com lives
Reprodução/Twitter
Pessoas sentadas na rua com celulares, “ring lights” e microfones: esse é o cenário que foi registrado em uma famosa rua na China, onde elas se reúnem para fazer transmissões ao vivo em seus respectivos perfis nas redes sociais.
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Os vídeos que mostram uma rua cheia de streamers, como são chamadas as pessoas que fazem vídeos ao vivo na internet, bombaram nesta semana. Eles foram publicados no perfil da youtuber chinesa Naomi Wu e somam mais de 6 milhões de visualizações.
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Segundo Naomi, as streamers poderiam fazer os vídeos de suas casas, mas escolhem ir para as ruas de regiões ricas da China para ganhar mais dinheiro com as lives.
“O que está acontecendo é que elas estão jogando com o recurso de localização. As plataformas de streaming permitem que os usuários pesquisem conteúdo local – bairros mais ricos significam contribuições maiores”, disse a youtuber.
A estratégia é marcar a localização nos vídeos ao vivo na tentativa de que eles sejam promovidos para pessoas que moram nesses bairros. Os espectadores, por sua vez, podem pagar pequenos valores cada um para enviar figurinhas especiais que viram dinheiro para quem está fazendo a transmissão.
Na avaliação dos influenciadores, moradores de bairros ricos estão dispostos a fazer contribuições em valores mais altos. Mas as plataformas não confirmam que um conteúdo tenha mais visibilidade em um local por conta do uso do recurso de localização.
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As lives são feitas por redes sociais populares na China como o Douyin e o Kuaishou, versões locais de TikTok e Kwai, respectivamente.
Nai Nai, uma das influenciadoras, contou ao jornal espanhol El Mundo que ganha 24 mil yuans por mês (cerca de R$ 18 mil na cotação de 15 de fevereiro de 2023) com lives feitas da rua e o patrocínio de uma marca.
Suas transmissões são feitas no distrito de Huangpu, em Xangai, e compartilhadas pelo Douyin, onde Nai Nai dança, faz dublagens e interage com seus seguidores. Segundo ela, suas lives alcançam uma audiência de cerca de 1 milhão de pessoas, em média.
Influenciadoras usam celulares, computadores, refletores e microfones em suas transmissões ao vivo nas ruas da China
Reprodução/Twitter
Segurança nas lives
Segundo Naomi, muitas das mulheres têm trabalhos diurnos e, por isso, só saem à noite para fazer as lives. À primeira vista, o horário é mais arriscado, mas a presença de muitas pessoas com celulares dá a sensação de segurança.
“Não é inseguro, são tantas transmissões ao vivo que um pervertido seria pego instantaneamente”, disse Naomi.
Ela também negou a ideia de que mulheres trabalhando na rua seja algo ruim. “Pessoas sentadas confortavelmente sob abrigo e trabalhando com segurança ao ar livre para dicas? Que tipo de distopia horrível é essa?”, ironizou.
Com a maior população do mundo, a China também é um importante mercado para influenciadores que querem lucrar promovendo produtos para seus seguidores.
Um levantamento da consultoria chinesa iResearch mostrou que o país tinha 1,23 milhão de streamers e 617 milhões de usuários de plataformas de vídeos ao vivo em 2020. Segundo o levantamento, 66,2% desses usuários decidem comprar um produto depois de assistir lives.
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