Técnica que usa inteligência artificial precisa de banco de dados de imagens e áudios para inserir pessoas em vídeos que não participaram da gravação real. Elis Regina aparece cantando ao lado da filha Maria Rita
A criação de vídeos adulterados e realistas ficou muito mais simples com o chamado deepfake. Com ele, é possível inserir pessoas em vídeos, mesmo sem que elas tenham participado da gravação real.
Nesta terça-feira (4), a Volkswagen lançou uma campanha em que aparece um dueto entre Elis Regina, morta há 41 anos, e a filha dela, Maria Rita, usando a tecnologia.
O deepfake é uma técnica que permite mostrar o rosto e a voz de uma pessoa em fotos ou vídeos alterados com ajuda de inteligência artificial.
💻 Como o deepfake é feito: para criar o material editado, basta ter um vídeo verdadeiro e modificá-lo com um dos vários aplicativos criados com essa finalidade.
Mas, para que o vídeo seja realmente convincente, é preciso ter um banco de dados de imagens e áudios da pessoa que se deseja reproduzir.
Esses bancos de dados são alimentados por pessoas reais, por isso é mais fácil fazer esse tipo de produção com famosos, já que existe mais conteúdo online com eles.
Maria Rita e Elis Regina cantam “Como Nossos Pais” em publicidade
Divulgação/Volkswagen
No caso da propaganda da Volkswagen, foi usada uma tecnologia de redes neurais artificiais conectada em uma dublê, que foi substituída na edição pela imagem da Elis Regina, informou a empresa em nota.
🎬 Como é usado: além de vídeos pré-produzidos, como o comercial da Volkswagen, o deepfake já é aplicado em transmissões ao vivo e até mesmo vídeochamadas.
Na Coreia do Sul, por exemplo, esse tipo de tecnologia já foi usado para substituir uma âncora de telejornal.
👤Uso por criminosos: a tecnologia não é usada apenas para o bem, uma das aplicações mais preocupantes dessas ferramentas é a criação de vídeos pornográficos com o rosto de outras pessoas.
No começo deste ano, a novela ‘Travessia’ mostrou um golpe usado por pedófilos, que se aproximam de crianças se fazendo passar por celebridades ou personagens que fazem parte do dia a dia delas. Com isso, eles conseguem induzir as vítimas a produzir material de nudez.
As imagens adulteradas também são usadas na política. Em 2019, a presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, foi vítima de um deepfake que se baseou em um vídeo autêntico para sugerir que a representante democrata tinha dificuldades na fala em um discurso.
‘Deepfake ao vivo’: tecnologia que muda rosto e voz em videochamada já existe na vida real
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