NVIDIA TÁ VALENDO OURO: de marca gamer pra futuro da tecnologia com IA?

A Nvidia foi para muito além dos nossos PCs gamers. A empresa está brilhando no mercado de valores, e já está até atropelando gigantes da tecnologia como o Meta (Facebook) e a Alphabet (Google).

Mas como a empresa de preferência de placas de vídeo de muitos dos que acessam o Adrena virou esse Juggernaut do mundo dos negócios? Vamos ver ela brigar pelo primeiro lugar? Vamos começar primeiro dando contexto.

Ontem a Nvidia liberou seu relatório fiscal do quarto trimestre de 2023, e mais uma vez os números vieram fortes. A receita da empresa cresceu 22% comparado ao trimestre anterior, e na comparação com o ano passado, o crescimento é de 265%. O lucro da empresa subiu 769% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado!

Mas como chegamos nesses números insanos? Vamos puxar um pouco do histórico.

Histórico das ações

A empresa vem disparada na bolsa de valores nos últimos anos, em uma sequência embalada pela alta demanda por chips de performance por conta da mineração, depois outro salto em demanda combinado com baixa oferta durante a pandemia de SARS-COV-2, e agora o mercado aquecidíssimo novamente por causa da Inteligência Artificial (IA).

Sim, o gamer não tem um minuto de paz faz anos.

Mas para a Nvidia isso foi ótimo. Mais que ótimo. Ela está valendo milhões. Quer dizer, trilhões. Passou recentemente a Alphabet, a empresa que tem a Google sob seu guarda-chuva, e se tornou a terceira empresa de tecnologia mais valorizada. Ela só perde para Microsoft e para a mais valorizada do mundo, a Apple.

Mas como a marca mais popular de placa de vídeo foi parar lá? Vamos dar uma volta na história da Nvidia.

Do gaming para a HPC e IA

A empresa que surge em 1993 com a visão de trazer os gráficos 3D para games e multimídias. Seis anos depois lançaria a um componente muito querido por todos que acompanham o Adrena: a GPU. Primeiro veio o chip NV3, lançado em 1997, montaria a base para o sucesso no mundo das placas de vídeo da empresa. Em 1999 nasce a GeForce 256, produto que a Nvidia define como a primeira GPU para consumidores do mundo.

Mas se para nós gamers as placas de vídeo sempre roubavam nossa atenção, especialmente em nossa cobertura aqui no Adrenaline, a Nvidia sempre manteve a evolução da computação gráfica e de alta performance em paralelo. Mas o gaming era o responsável por “pagar as contas”, como dá pra ver nesse relatório fiscal de 2016 publicado pelo Anandtech.

Já participamos de várias GTC, as GPU Technology Conference, inclusive a próxima está logo ali, e em nossas conversas com desenvolvedores, muitas vezes era destacada a importância dos gamers para o desenvolvimento da supercomputação. Isso acontece porque o grande volume de vendas e receita da Nvidia era trazido pelos usuários domésticos gamers. E isso dava a estrutura da Nvidia para desenvolver a HPC.

Bom pros dois

E a verdade é que a sinergia é óbvia entre os gamers e a computação de alta performance. As tecnologias de um chip gráfico com alto poder de processamento para rodar filtros poderosos em games de alta qualidade visual também pode atuar na indústria petrolífera em cálculos complexos, ou na modelagem 3D do cinema, ou em aplicações de CAD com modelos complexos.

Nós também já tivemos algumas contrapartidas da galera dos servidores. O avanço no aprendizado da máquina é o que trouxe para os gamers recursos como o Deep Learning Supersampling, o DLSS, e também o Gerador de Quadros, dois recursos que criam pixels e até quadros inteiros para aumentar a performance do sistema em jogos.

Mas o crescimento acelerado da IA nos últimos meses, e o posicionamento de anos da Nvidia desenvolvendo supercomputação, colocou Jensen e sua jaqueta de couro em um barquinho à vela na frente de um verdadeiro vendaval que arremessaria a divisão de Data Center da Nvidia para esse salto absurdo.

Isso culminou na frase que virou um marco. Jensen afirmou que “não somos mais uma empresa de gráficos e sim de IA”, uma afirmação que pode ter deixado alguns gamers chateados, se sentido abandonados afinal foram por anos os gamers foram foco da Nvidia.

Mas a realidade bate forte e não tem como negar a mudança da empresa. Compare o tamanho da barra de Data Center e a de Gaming, no Relatório Fiscal do Segundo de 2023 versus o Segundo Trimestre de 2024.

Para os gamers, que não tem se empolgado tanto com alguns lançamentos recentes e se preocupam com a perda de protagonismo da divisão gamer, temos uma boa e uma má notícia. A boa é que essa ainda é uma divisão relevante de US$ 2.9 bilhões no último trimestre e que cresceu 56% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.

A ruim é que inevitavelmente a divisão de Data Center vai receber mais atenção, afinal teve uma receita de 18 bilhões de dólares no quarto trimestre, ou seja, já é seis vezes maior, e está aceleradíssima com o crescimento de 409% comparado ao mesmo trimestre do ano passado. Ela está gigantesca e ainda não deu sinais que vai parar de crescer.

O que nos trás a última questão: e o futuro? A Nvidia ainda vai continuar com números como esses para sempre?

E o futuro?

É muito improvável que estamos em uma bolha da IA, ou que ela vai perder relevância, como aconteceu com conceito como metaverso ou coisas como NFTs. Ainda estamos raspando a superfície das implementações das IAs, com novidades como a Sora da OpenAI surgindo recentemente e a revolução das máquinas pra acontecer em algum lugar no horizonte.

Mas tem outra barreira ao crescimento infinito: a competição. Com tanto dinheiro nesse mercado, é óbvio que vai ter muita gente interessada em pegar sua fatia, ou também gente interessada evitar uma dependência exagerada da Nvidia.

Um exemplo é a Amazon, que vem intensificando seu desenvolvimento de chips com foco em IA. A Microsoft também anunciou no final do ano passado um conjunto de chips para uso de Inteligência Artificial na nuvem. Esses dois lançamentos são notícias ruins para AMD e Intel, já que esses chips estão focando na arquitetura ARM em detrimento da x86.

A Nvidia estava no lugar certo e na hora certa nessa largada da Inteligência Artificial. Mas agora todo mundo, e não estamos fazendo uma hipérbole, está correndo atrás deste mercado. Mas, pelo menos até agora, a Nvidia está sendo um bonde sem freio nessa revolução das IAs.


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