No mês passado, escrevi que brasileiros poderiam estar se precipitando em migrar seus investimentos para aplicar na bolsa americana. Nesta segunda-feira, os sites Bloomberg e MarketWatch alertaram seus leitores sobre a nova recomendação do Morgan Stanley.
O Morgan Stanley divulgou nota recomendando aos investidores cautela ao investir no índice de ações americanas, S&P500, para 2022. Segundo a Bloomberg, a projeção do Morgan Stanley para o índice americano em 2022 é de 4.400 pontos. Isso representa uma desvalorização de 6% em relação ao atual nível de preço.
O Morgan Stanley não foi a única grande instituição financeira a ter uma visão mais cautelosa para o mercado acionário. A Goldman Sachs também sugeriu cuidado.
A razão para esta mudança de recomendação não é diferente do que já alertei no mês passado: frustração nas expectativas de crescimento anteriores, inflação acima do esperado e possibilidade de elevação das taxas de juros acima do esperado.
Apesar desta nova perspectiva mais cautelosa de algumas instituições americanas, esta visão não é unanimidade.
Segundo levantamento da Bloomberg, o Wells Fargo, por exemplo, sugere que o S&P 500 poderia atingir 4.850 pontos ainda este ano de 2021. Portanto, uma valorização de mais 3% em menos de dois meses.
Outros grandes bancos mantém visão otimista sobre o crescimento dos lucros das empresas, que dá suporte à valorização das ações. Além do Wells Fargo, UBS e JP Morgan, apostam em forte crescimento de lucros para o próximo ano.
Conforme pesquisa entre estrategistas realizada pela Bloomberg, existe uma expectativa média de crescimento de lucros de 7,7% para 2022.
Não obstante as expectativas favoráveis, com um crescimento de lucros esperado inferior a 8%, não é de se esperar que o índice americano se valorize mais que o próprio crescimento esperado dos lucros.
Comparativamente, o Brasil tem hoje títulos de renda fixa que apresentam retorno superior a este, sem o risco do mercado de ações. A própria taxa Selic deve superar os 10% no próximo ano. Portanto, reflita bem antes de elevar investimentos na bolsa americana.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor