Milagres do Intel APO: 20% de ganho só via otimizações?

Milagres do Intel APO: 20% de ganho só via otimizações?Milagres do Intel APO: 20% de ganho só via otimizações?
Créditos: Montagem: Bruno Pires (Adrenaline)

A Intel lançou a sua 14ª geração de processadores com poucas mudanças versus a geração anterior. Um das exceções é o Intel APO, o Application Optimization, que chegou para alguns dos novos modelos. No restante, a “nova geração” utiliza a mesma arquitetura da geração passada, os mesmos núcleos Raptor Cove e Gracemont. Eles também tem praticamente as mesmas configurações de núcleos e threads na maioria dos modelos e, muitas vezes, a mesma performance.

Já que o APO acaba sendo um dos únicos diferenciais da 14ª geração, hoje vamos nos aprofundar e entender mais deste recurso. O que ela muda, em quais modelos funciona e a pergunta óbvia: se a 14ª geração Core é tão parecida com a 13ª, porque essa tecnologia está só nesses novos modelos?

O Intel APO

Para entender o que é e como funciona o intel APO, primeiro você tem que entender o que é o Intel DTT, a Dynamic Tuning Technology.

O Intel DTT é um conjunto de drivers personalizáveis pelo fabricante que permite o processador operar da melhor forma possível. Ele leva em consideração os limites de temperatura e energia e também usando algoritmos de IA e machine learning para prever futuras cargas e assim otimizar a performance.

O intel APO nada mais é do que um protocolo de funcionamento para o DTT que aloca recursos de forma eficiente para aumentar a performance das aplicações suportadas.
No momento em que a gente grava esse video, o intel APO só suporta quatro processadores e dois jogos.

Os processadores são:

  • Intel Core i9-14900K
  • Intel Core i9-14900KF
  • Intel Core i7-14700K
  • Intel Core i7-14700KF

Os games suportados no momento são apenas dois:

  • Tom Clancy’s Rainbow Six Siege
  • Metro Exodus.

Temos restrições com os dois games. Metro Exodus por ser um game muito mais GPU bound, ou seja, costuma ser limitado pela performance da placa de vídeo.
Rainbow Six Siege não tem esse problema. Ele é muito mais vinculado com a performance do processador, sendo um espécime mais interessante.

Mas já faz um tempo que temos reclamado da falta de estabilidade do Rainbow Six. Ele traz com resultados inconsistentes entre rodadas de testes, e até por isso estamos progressivamente tirando ele de nossos benchmarks e reviews.

Para tentar minimizar o efeito negativo dessa variação do game nos testes, vamos fazer a média de múltiplas rodadas do benchmark.

Vamos mostrar como é a configuração:

  1. O primeiro passo é entrar na BIOS é ativar a configuração “Intel Dynamic Tuning technology”,
  2. Depois disso entre no site da sua placa-mãe, vá na seção “suporte” e baixe o Intel DTT driver,
  3. Depois de instalar, ai sim é hora de abrir a Microsoft Store e baixe o Intel Application Optimization
  4. Você precisa abrir cada jogo pelo menos uma vez pro software reconhecer, e cada vez que você ativa ou desativa o APO, o jogo precisa ser reiniciado.

Os testes com o Intel APO

Nesse video só vamos testar o APO no i9 14900K. O resto da bancada inclui a placa de vídeo RTX 4090, quantidades mais que suficientes de RAM e de arrefecimento para não limitar a performance de nossas peças

Vamos começar testando o rainbow six siege. Aqui colocamos o jogo rodando no 14900K com as configurações no ultra e resolução FullHD.

Com a configuração padrão, sem o Intel APO, ele roda com uma média de 662 fps.
Agora quando ligamos o APO, a média vai para 747 fps, um aumento de 13%, cravando o valor prometido pela Intel em sua apresentação.

Quando olhamos para os sensores do processador não vemos muita coisa diferente acontecendo ao longo do teste com as duas configurações.

O uso geral do processador e a temperatura não mudaram muito, mas alguns núcleos de eficiência estão sendo mais utilizados com o APO habilitado. Mas se em Rainbow Six Siege temos ganhos perceptíveis, mas modestos, em Metro Exodus temos alguns saltos mais impressionantes.

Metro Exodus é um jogo singleplayer que pesa bem mais na placa de vídeo do que no processador, então fizemos os teste com o jogo em full hd no preset “high”. Subir mais que isso poderia causar uma limitação muito maior do game em placa de vídeo do que em CPU, ou como costumamos chamar, tornar o jogo GPU bound, ou vinculado a performance da placa de vídeo.

Quando rodamos o jogo com o APO desativado, conseguimos uma média de 161 fps, mas olhando para o uso dos núcleos, vemos que todos os núcleos de eficiência, que são de baixa performance e deveriam focar apenas em tarefas no background, estão sendo usados para rodar o jogo, enquanto vários núcleos de performance estão a 0% de uso.

Quando ativamos o Intel APO o cenário muda completamente, agora praticamente nenhum núcleo de eficiência está sendo utilizado, toda a carga está nos núcleos de performance, e a média de quadros por segundo subiu de 161 para 194, um incremento de 20%, o que é bem impressionante para uma mudança puramente no software.

O Intel APO é bom?

Algumas conclusões podem ser tiradas. A primeira é que sim, o Intel Application Optimization, o Intel APO, é bem impressionante. Só com otimizações ele consegue ganhos de performance acima dos dois dígitos, algo que com certeza é relevante, especialmente em games limitados pelo processador e onde conseguir mais FPS é um desafio enorme.

A dúvida agora é pra quando isso será expandido para outros games e se veremos pra quanto a performance vai escalonar nesses outros títulos. A diferença foi grande na nossa pequena amostragem de dois jogos, seria importante ver se isso também vai impactar mais games.

Esperamos também que a Intel torne esse processo mais automático ou, pelo menos, mais prático. Com tanta gente passando batido da BIOS pra fazer um singelo perfil XMP das memórias, imagina quanta gente vai conseguir fazer uma peregrinação que começa na BIOS, passa por baixar um aplicativo na loja do Windows e abrir os jogos para aí então ativar o APO.

Mas agora vem dois pontos críticos. O primeiro é ver o quanto a Intel está limitando a implementação do APO. Só quatro modelos da 14a geração quer dizer que tem muito processador, até mesmo da 14a geração Core, sendo deixado de fora.

A resposta de representantes da Intel no seu forum é que o APO é desenvolvido sob medida para cada tipo de configuração de núcleos e threads. Isso é que limita sua implementação. Ela precisa ser moldada especificamente pra cada configuração de processador.

Ainda assim, estamos falando de muitos produtos ficando de fora. Alguns da 14a geração Core, outros feitos na mesma tecnologia de núcleos da 13a geração e até alguns ainda disponíveis da 12a geração, que ainda sendo comprados por muita gente, e que vão ficar de fora dessas melhorias.

E por fim, fica a questão: não era para isso já ter sido resolvido? Porque era essa a promessa do Intel Thread Director, quando foi apresentado junto com a introdução dos Alder Lake. Um mecanismo de software e hardware que, combinado com o Windows 11, ia saber distribuir cada função para o núcleo mais eficiente na arquitetura híbrida dos Intel Core.

O Intel APO mostra que dava para usar de forma mais eficiente os núcleos de eficiência e de performance, mas que elas não vão estar disponíveis para muitos produtos da microarquitetura híbrida da empresa, o que é uma pena.


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