Luxemburgo repassa derrota. A culpa, contra o Del Valle, é do grupo de jogadores que ‘está para baixo’. E tem de ‘juntar os cacos’


São Paulo, Brasil


Vanderlei Luxemburgo é o técnico mais velho a comandar o Corinthians na história.


Fará 71 anos daqui uma semana.


Ele é treinador desde 1980, ou seja, 43 anos.


E se tornou especialista em entrevistas após derrotas.


Sabe como ninguém desviar o foco das falhas do seu time e, principalmente, as suas.


Não foram surpreendentes suas declarações após a desastrosa derrota de ontem, contra o Independiente del Valle, em plena Itaquera, que coloca o Corinthians à beira de eliminação da Libertadores.


“Nós trabalhamos meia hora na véspera do jogo, corrigimos algumas coisas e colocamos em prática. A análise é que tivemos muitas finalizações, possibilidades, mas não colocamos a bola para dentro.


“Os gols deles foram em momentos ruins. Tiveram virtudes, mas não fizeram. Eles colocaram em um descuido nosso.


“A análise é que tenho um grupo de qualidade, mas que está para baixo pela instabilidade. Vamos crescer com o trabalho. Não existe eu perdi, nós perdemos.


” Trabalhamos por meia hora. Agora é juntar os cacos e pensar no jogo seguinte.”


“Juntar os cacos, ‘grupo de qualidade que está para baixo’, ‘pela instabilidade’.”


Vanderlei foi um mestre em repassar a culpa pelo péssimo futebol do Corinthians diante do Independiente del Valle. 


Tudo que aconteceu foi antes dele. Como se não tivesse qualquer responsabilidade em montar uma equipe fragilizada na intermediária, com dois volantes volantes com dificuldade na marcação: Fausto Vera e, principalmente, Maycon, sem ritmo. Ele tirou da equipe Roni. Colocou Giuliano como articulador, atuando como se fosse Renato Augusto, e não mostrou a mínima habilidade para ser este meia.


Adson foi ótimo do meio para a frente. Mas não recompôs como necessário.


Fagner deixou previsível espaço às suas costas. E Matheus Bidu tem facilidade em atacar. E dificuldade inata para marcar.


Foi Luxemburgo também que deixou Yuri Alberto isolado. Também quem aceitou que Róger Guedes fosse a grande e também previsível referência na frente.


E o treinador também não trabalhou apenas ‘meia hora’. Ele teve o período da tarde inteiro de segunda-feira. Treinadores europeus quando assumem ‘de repente’ uma equipe, costumam fazer uma simulação de movimentação, não treino pesado, no dia de jogo, para fixar suas ideias. Mas Luxemburgo se contentou com a segunda-feira.



O técnico também sabe que grande parte da imprensa atual é declaratória. Publica ou reproduz o queo treinador fala, sem análise mais profunda.


E ele explorou muito essa característica.


Passando, lógico, de propósito, a esperança de classificação na Libertadores. E garantindo ter visto ‘muita coisa boa’. Evidente que não quis detalhar, porque foi apenas uma frase de efeito. O Corinthians foi mal demais.


“Faltam três jogos, podemos ganhar fora. Não estamos fora da Libertadores. Estamos atrás, pensar no compromisso do Brasileirão, em casa, buscar trabalhar mais, dar uma definição mais tática para encaixar.


“Analisando, eu vi muita coisa boa. Mas também vi defeitos. Vamos corrigir internamente.”


E muito esperto, ele já antecipa se as derrotas se acumularem. Pode muito bem repetir 1998, 25 anos atrás.


“Na minha outra passagem no Corinthians há alguns anos atrás, eu perdi cinco jogos seguidos. E conseguimos equilibrar o time, crescemos com o trabalho e fomos ‘bater’ campeões brasileiros e teve boa sequência. Essas coisas não me assustam.”


A mando de Vanderlei Luxemburgo, a direção do Corinthians contratou Antônio Mello. Ele será o preparador físico mais velho da história do clube. Chega aos 75 anos.


O próximo jogo do Corinthians será apenas na próxima segunda-feira, contra o Fortaleza, outra vez em Itaquera.


Luxemburgo terá cinco dias para treinamento.


As desculpas precisarão ser outras em caso de nova derrota…


PUBLICIDADE
Imagem Clicável