“Unidos pela ciência”, uma conversa organizada pelo Nobel Prize Outreach, a Academia Brasileira de Ciências e a Rede Interamericana de Academias de Ciências, permitiu que 80 jovens de cerca de 20 países da América Latina e do Caribe fizessem perguntas aos premiados, além de conhecê-los.
As perguntas foram respondidas por Elizabeth Blackburn (2009) e May-Britt Moser (2014), premiadas com o Nobel de Medicina; Emmanuelle Charpentier (2020) e Bernard Feringa (2016), de Química, e Saul Perlmutter (2011), de Física.
Alguns dos assuntos abordados foram como a ciência pode ter um impacto positivo da forma mais eficaz na sociedade, como estabelecer redes entre cientistas, como lidar com questões de gênero ou dilemas éticos e como evitar o desgaste com o estresse cotidiano.
A conversa foi realizada virtualmente em grupos e não faltaram respostas, resumidas no conselho final dos laureados com o Nobel: os jovens devem ser “os protagonistas das suas próprias vidas”, são eles que podem mudar o futuro, e “se esperarem que a nossa geração o faça, pode não acontecer”, disse Charpentier.
“Sigam os seus sonhos, não desistam”, acrescentou Feringa, argumento que Blackburn frisou ao aconselhar a “persistir e usar a ciência para o bem”, mas também encontrando algo que os “apaixone muito”, porque isso os ajudará a lidar com os altos e baixos da profissão, segundo Perlmutter.
Feringa afirmou à Agência Efe em videoconferência que ficou “impressionado” com estes jovens “muito talentosos”, cheios de “entusiasmo” e “muito empenhados” no futuro da ciência e do seu papel na sociedade.
O Nobel elogiou a importância de os governos assumirem a responsabilidade de atribuir recursos “suficientes” à ciência e à educação e de valorizar os seus talentos, dando oportunidades porque “muitos destes jovens brilhantes ajudarão os seus países a avançar em todos os aspectos”.
Este compromisso com a educação foi também enaltecido por Charpentier em conversa entre os laureados para compartilhar as conclusões dos seus respectivos grupos, durante a qual Perlmuter disse que a ciência é também uma visão para compreender o mundo e os seus problemas.
A doutoranda chilena Catalina Andrade disse à Efe como a experiência no seu grupo com Moser foi enriquecedora e que o fato de ter nascido em um país sul-americano, com pouca representatividade nestes prêmios, não a impedirá de ir em busca de seus objetivos.
Tanto os estudantes e como os premiados ressaltaram a importância de os cientistas estabelecerem contatos e criarem redes dentro e fora da sua região.
Os cientistas têm o “privilégio de fazer parte de uma família mundial, não temos fronteiras” e este diálogo é uma forma de começar a ligar estudantes da América Latina e do Caribe, analisou Feringa.
“Penso que é importante que tenhamos este debate, mesmo que seja com um grupo limitado, porque eles falarão com outros estudantes, outros jovens cientistas e, esperamos que possam transmitir as mensagens, é como um efeito de bola de neve”, argumentou.
“Não importa se você é do Brasil, do Chile ou dos Estados Unidos, pode fazer a diferença e ter um impacto no mundo”, declarou a brasileira Ariana Pinheiro. EFE
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