Há uma conexão curiosa entre os cadáveres humanos (ou melhor, na decomposição deles)

Independentemente do lugar do planeta ou das condições ambientais, uma conexão existe entre os cadáveres humanos. Mais precisamente, no processo de decomposição orgânica de cada um, como uma espécie de “padrão universal”.

Essa descoberta está presente em um novo estudo publicado na revista Nature Microbiology, liderado pela professora Jessica Mecalf, da Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos. Agora, novas portas estão se abrindo para o campo da ciência forense.

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No estudo, a decomposição de 36 cadáveres distribuídos entre três instalações forenses diferentes foi analisada a fundo. Como parâmetro, climas distintos (sob as quatro estações do ano), com a equipe coletando amostras de pele e solo nos primeiros 21 dias após o início da decomposição de cada corpo (que foi devidamente doado à ciência).

Através das amostras coletadas, Metcalf e sua equipe conseguiram extrair uma riqueza de dados moleculares e genômicos. Isso permitiu aos cientistas mapear o microbioma presente em cada um dos locais de decomposição – com o objetivo de identificar quais micro-organismos estavam presentes, suas origens, evolução ao longo do tempo e funções específicas no processo de decomposição.

Conexão inesperada

Contra todas as expectativas, a equipe descobriu um grupo consistente de cerca de 20 micro-organismos especializados na decomposição que apareceram em todos os 36 corpos, independentemente das variações climáticas ou tipos de solo. Mais notavelmente, esses micro-organismos surgiram pontualmente em momentos específicos dentro do período de observação de 21 dias.

Detalhe: os insetos desempenharam um papel crucial na introdução desses micro-organismos no processo. Dentre eles, a mosca varejeira e o besouro-carniceiro, transportando fungos e bactérias de um cadáver em decomposição para outro, por exemplo.

O novo estudo já permitiu novos avanços tecnológicos na ciência forense. Com os dados desta pesquisa, de trabalhos anteriores e de técnicas avançadas de aprendizado de máquina, a professora Metcalf e seus colaboradores construíram uma ferramenta que pode prever com precisão o tempo de um corpo desde a morte, também conhecido como intervalo post-mortem.


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