Evolução do sistema operacional Android TV, os televisores com Google TV deixam de ser exclusivos da empresa TCL no Brasil em 2023. Com atraso de praticamente dois anos, a plataforma, que funciona como cérebro do aparelho, será integrada neste semestre a mais três marcas: Aiwa, Philips e Toshiba.
É através do Google TV que os dispositivos acessam serviços de streaming, canais gratuitos e têm integração com o assistente de voz da empresa.
Como ficará o mercado de TV
Philips: a partir de agosto
Pertence ao grupo chinês TPV, a companhia será a única a substituir totalmente a plataforma Android pela Google TV nos 15 modelos da linha 2023, indo de TVs de 32 a 75 polegadas.
Nas telas de até 43 polegadas, o consumidor encontrará as resoluções HD e Full-HD; as demais serão 4K.
Os preços não foram divulgados.
Com a iniciativa, a Philips terá as menores telas rodando Google TV no mercado brasileiro. Isso porque a TCL resolveu manter o sistema Android TV nos novos modelos mais simples, de 32, 40 e 43 polegadas e resolução Full-HD.
TCL: a partir de setembro
Ao todo, a TCL terá 12 opções de telas 4K com Google TV em tamanhos de 43 a 85 polegadas.
Como nos modelos atuais, o consumidor poderá escolher entre as tecnologias de LED convencional, QLED (com painel de pontos quânticos e maior volume de cores) ou miniLED (com mais brilho, contraste e melhor controle dos vazamentos de luz).
A empresa possui a maior TV do mercado com o Google TV, com 98 polegadas e custo de R$ 50 mil, à venda desde o final do ano passado.
Aiwa: a partir de setembro
Completando um ano no mercado brasileiro de TVs, marca, que ficou conhecida do público com seus micro systems nos anos de 1990, terá seus primeiros televisores 4K trazendo Google TV.
Serão dois modelos de LED, de 65 e 75 polegadas; os demais, em telas menores, continuarão rodando Android TV.
“Hoje, é o sistema que a maioria dos brasileiros tem no celular, o que facilita a conectividade”, diz Giovanni Cardoso, cofundador do Grupo MK, do qual fazem parte marcas como Aiwa e Mondial, de eletrodomésticos.
Sobre a presença tímida do fabricante nas grandes redes de comércio online, ele afirma que faz parte da estratégia da companhia: “o foco inicial era fortalecer as vendas regionais em lojas físicas, com destaque para Bahia, Ceará e Rio Grande do Sul.”
Toshiba: próximos meses
Marca do grupo chinês Hisense, que tem parceria com a Multi, antiga Multilaser, no Brasil, começará a vender no mercado nacional o primeiro modelo de TV com tela OLED e com o Google TV. Nem LG, nem Samsung, utilizam esse sistema em seus modelos. As telas com essa tecnologia de pixels orgânicos não precisam de iluminação interna (backlight) para gerar as imagens na tela. Cada um desses pixels emite sua própria luz, permitindo níveis imbatíveis de contraste com a reprodução de pretos profundos, mantendo a fidelidade de tons nas imagens escuras
O televisor possui 65 polegadas e conta com dez alto-falantes para uma melhor experiência de som imersivo, segundo a marca. A taxa de atualização é de 120Hz (bom para games), o que representa maior fluidez na transição de imagens.
Será também o único modelo de TV a deixar de lado a plataforma própria Vidaa, mais limitada em aplicativos.
E o que tem de diferente no Google TV?
A principal vantagem do Google TV em relação ao Android TV está na busca de conteúdos, que se torna mais eficiente e direta.
A diferença é que as atrações aparecem reunidas em gêneros ou categorias, como “Ação e aventura”, “Suspense”, “Drama e mistério”, “Terror e Séries documentais”, misturando sugestões de vários serviços de streaming simultaneamente.
A ordem desses trilhos de conteúdo varia de acordo com os tipos de atrações que você costuma acessar com mais frequência. E dá até para cadastrar diferentes perfis de usuário, com recomendações individuais de séries e filmes.
Assim, na opção “Novidades em serviços de streaming”, por exemplo, o telespectador vai encontrar sugestões da Netflix, Prime Video, HBO Max, Globoplay, Disney+ juntas, uma do lado da outra.
Em outras plataformas, como os sistemas de TV Tizen, da Samsung, e webOS, da LG, cada serviço ganha um trilho próprio, e esses conteúdos não se misturam nas opções de buscas.
A favor do Google TV, também conta a rapidez de acesso e resposta aos comandos, além da facilidade de uso, principalmente para quem já está familiarizado com o sistema Android do celular. Isso também facilita a integração entre os dois aparelhos.
Fabricantes aposentam TVs antigas
É bom ficar atento a um detalhe. Se você pretende adquirir uma TV com sistema Android, não poderá migrar para a plataforma Google TV depois, embora uma seja a evolução da outra.
Entre os demais fabricantes, a estratégia é parecida. Cada versão do sistema operacional recebe suas atualizações, mas também não é possível, por exemplo, migrar do Tizen 2021 ou 2022 para o 2023 nas TVs Samsung de anos anteriores. O mesmo acontece com as várias versões da plataforma webOS, da LG.
Os fabricantes de TVs alegam que os novos sistemas e versões das plataformas passam a exigir processadores mais eficientes dos que existiam há dois ou três anos. Assim, essas TVs mais antigas não teriam condições de rodá-los sem travamentos e outros problemas que comprometem o uso — é algo parecido com o que ocorre com o iPhone e a aposentadoria de modelos antigos pela Apple.
Para Paulo Sérgio Correia, consultor na área de vídeo com 40 anos de experiência, essa justificativa é parcialmente verdadeira.
“Quanto mais avançado o software, maior a exigência de processamento para que rode bem, mas existe também a questão do marketing, que sai na frente, impulsionando o consumidor a trocar de tela em um período cada vez mais curto”, ressalta.