Um excelente desfile da bateria da Estação Primeira de Mangueira, sob o comando da dupla de mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto. Uma conjunção sonora de raro valor foi produzida. Permitida graças a um andamento confortável, num ritmo marcado pelo equilíbrio sonoro. De muito bom gosto o respeito a cada solo das peças leves, num trabalho que destaca a educação musical dos ritmistas mangueirenses. Um leque de bossas musicalmente recheado possibilitou apresentações potentes para julgadores.
Na parte de trás do ritmo mangueirense, a tradicional afinação de surdos foi percebida. O timbre grave autêntico da primeira marcação contou com ritmistas firmes e precisos. Ritmistas tocando surdo mor ficaram responsáveis pelo balanço envolvente. Repiques coesos e bastante integrados foram soberbos. Caixas de Guerra com a genuína batida rufada da Verde e Rosa estiveram sublimes, dando base sólida de sustentação para os demais naipes. Timbaques também desfilaram em meio ao ritmo, preenchendo a sonoridade da cozinha da bateria da Mangueira.
Na cabeça da bateria da Estação Primeira, uma ala de xequerês auxiliou de forma primorosa, tanto no ritmo, quanto dançando e trazendo leveza à parte da frente da bateria. Os ganzás da Mangueira tocaram de modo entrelaçado com um naipe de tamborins absurdamente potente. Simplesmente incrível a musicalidade do desenho rítmico dos tamborins. Mesmo com complexidade foi executado com precisão cirúrgica. Uma ala de cuícas de virtude técnica também contribuiu no trabalho de alto nível envolvendo as peças leves. Agogôs de duas campanas (bocas) corretos também mostraram seu valor, adicionando um tom metálico num ritmo de predominância do timbre grave.
Bossas que exploraram as variações do melodioso samba mangueirense conduziram a bateria da Manga a apresentações consistentes em módulos. Destaque para uma bossa onde ritmistas tocam matracas e pandeirões, com o surdo Maracanã ecoando, numa grande homenagem à musicalidade dos bois do Maranhão. Um leque de paradinhas refinado, que com muito êxito atrelou o enredo sobre a ilustre maranhense à sonoridade produzida pela bateria da Mangueira.
Na primeira cabine, uma apresentação praticamente apoteótica foi realizada, arrancando aplausos de julgadores e ovação popular. A exibição na segunda cabine teve nível de excelência semelhante a primeira, em mais um verdadeiro show da bateria da Mangueira. Na última cabine de julgamento, é possível dizer que uma apresentação simplesmente mágica foi realizada, finalizando de forma monstruosa o grande sacode dado pela bateria da Estação Primeira de Mangueira, dirigida pelos mestres Rodrigo Explosão e Taranta Neto. A “Tem que Respeitar Meu Tamborim” fez um desfile magistral, com totais condições de garantir a almejada pontuação máxima.