A preocupação aumentou após a imprensa estatal chinesa divulgar um e-mail atribuído à tenista em que ela negava as próprias acusações contra Gaoli, que foi um dos políticos mais poderosos da China entre 2013 e 2018, quando ocupou o cargo de vice-premiê.
Um trecho da mensagem dizia: “Não estou sumida nem estou insegura. Só tenho descansado em casa e está tudo bem”. Ela foi enviada ao chefe da WTA (Associação de Tênis Feminino, na sigla em inglês), Steve Simon, que expressou dúvida sobre o seu conteúdo.
“A declaração divulgada hoje pela mídia estatal chinesa sobre Peng Shuai apenas levanta minhas preocupações quanto à sua segurança e paradeiro”, disse Simon em um comunicado por escrito.
“Tenho dificuldade em acreditar que Peng Shuai realmente escreveu o e-mail que recebemos ou acredita no que está sendo atribuído a ela”, declarou o chefe da WTA.
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A então diretora do FMI, Christine Lagarde. aplaude discurso do então vice-premiê chinês, Zhang Gaoli, na abertura do Fórum de Desenvolvimento da China, em 2015 — Foto: Jason Lee/Reuters
Shuai foi líder do ranking mundial de duplas e campeã em Wimbledon em 2013 e em Roland Garros em 2014 — dois dos quatros torneios mais importantes do mundo. Ela fez o relato em sua conta oficial na rede social Weibo, o “Twitter chinês”, e foi censurada.
O Twitter e outras redes sociais “ocidentais” como o Facebook e o Instagram são bloqueados na China, e o desaparecimento de informações que desagradam ao governo é recorrente no país.
A publicação da tenista foi excluída cerca de meia hora após ter sido feita — assim como todas as referências ao caso. Desde então, Shuai não foi mais vista nem fez qualquer outra publicação ou declaração pública, alarmando a comunidade global do tênis.
Jogadores e ex-jogadores, de Naomi Osaka a Novak Djokovic e Billie Jean King, expressaram apoio e preocupação por Peng. Muitas jogadoras usaram a hashtag #WhereIsPengShuai nas redes sociais.
“A WTA e o resto do mundo precisam de provas independentes e verificáveis de que ela está segura”, escreveu o chefe da WTA. “Tentei repetidamente entrar em contato com ela por meio de várias formas de comunicação, sem sucesso”.
Procurada pela agência de notícias Reuters, a Associação Chinesa de Tênis não se pronunciou até o momento.
O governo chinês também não comentou a alegação inicial da tenista, feita no momento em que o país se prepara para sediar as Olimpíadas de Inverno de Pequim, em fevereiro.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Zhao Lijian, foi questionado nesta quinta-feira (18) sobre o paradeiro de Shuai e se a China está preocupada que o caso possa afetar a imagem do país antes das Olimpíadas.
“Minha resposta é muito simples: este não é um assunto de relações exteriores e não estou ciente da situação que você mencionou”, afirmou o porta-voz.
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