Dinossauro 'muito raro' é descoberto no Brasil

Rio de Janeiro, 18 Nov 2021 (AFP) – O Museu Nacional do Rio de Janeiro anunciou nesta quinta-feira (18) a descoberta de uma nova espécie de dinossauro “muito raro”, um terópode “sem dentes” que viveu entre 70 e 80 milhões de anos atrás no sul do Brasil.

Batizada de ‘Berthasaura leopoldinae’, essa espécie de dinossauro terópode (bípede), de pequeno porte com aproximadamente 1 metro de comprimento e 80 centímetros de altura, foi identificada após análise de um conjunto de fósseis encontrados no município de Cruzeiro do Oeste, no estado do Paraná, entre 2011 e 2014.

Segundo nota do Museu Nacional, administrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), “o que torna esse dinossauro genuinamente raro, é o fato de ser um terópode desprovido de dentes, o primeiro encontrado no país”.

O estudo, feito em parceria com o Centro Paleontológico da Universidade do Contestado (Cenpaleo), foi publicado nesta quinta-feira na revista científica Nature.

O diretor do Museu Nacional da UFRJ, o paleontólogo Alexander Kellner, destacou o bom nível de conservação dos fósseis encontrados.

“Temos restos do crânio e mandíbula, coluna vertebral, cinturas peitoral e pélvica e membros anteriores e posteriores, o que torna “Bertha” um dos dinos mais completos já encontrados no período Cretáceo brasileiro”, explicou Kellner em entrevista coletiva.

Os paleontólogos destacaram que o fato de ‘Bertha’ não ter dentes foi “uma verdadeira surpresa” que levantou dúvidas sobre sua dieta.

“Esse aspecto do dente evoca o questionamento sobre o tipo de dieta do animal. Isso não quer dizer que por não ter dentes ele não pode comer carne, já que muitas aves, como o falcão e o urubu, o fazem. O mais provável é que fosse um animal onívoro, já que o ambiente era inóspito e ele precisava aproveitar o que tinha disponível”, declarou Geovane Alves Souza, aluno de doutorado da UFRJ e um dos autores do estudo.

‘Berthasaura leopoldinae’ foi assim batizada em homenagem a Bertha Lutz, cientista brasileira intimamente ligada ao Museu Nacional, à Imperatriz Maria Leopoldina, esposa do Imperador Pedro I do Brasil, por seu papel como promotora do estudo das ciências naturais, e a escola de samba Imperatriz Leopoldinense.

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