Paris, 12 Nov 2021 (AFP) – A comunidade internacional pediu nesta sexta-feira que a Líbia garanta eleições “livres” e “confiáveis” em dezembro, e ameaçou com sanções todos aqueles que obstruírem o processo naquele país, mergulhado no caos uma década após a queda do ex-ditador Muammar Khadafi.
“A transição na Líbia deve ser concluída, e as eleições têm que ser realizadas nas melhores condições possíveis. As próximas seis semanas são decisivas”, declarou o presidente francês, Emmanuel Macron, ao fim de uma conferência internacional sobre a Líbia em Paris.
As eleições presidenciais de 24 de dezembro – as primeiras na história do país – a serem seguidas por eleições legislativas um mês depois, fazem parte de um processo mediado pela ONU para acabar com o caos gerado pela queda de Khadafi em 2011 e a divisão entre leste e oeste na Líbia.
“Todos os líbios concordam em dizer que haverá eleições em 24 de dezembro”, afirmou o presidente do conselho de transição líbio, Mohamed al-Menfi, presente em Paris. “Organizar as eleições na data prevista é uma meta histórica que tentaremos alcançar”, declarou o primeiro-ministro Abdelhamid Dbeibah.
– Retirada dos mercenários –
Para Dbeibah, no entanto, existe outra prioridade: “Obter garantias concretas de que os resultados dessas eleições serão aceitos, e que aqueles que os rejeitarem sofrerão sanções.”
Nesse sentido, os 30 líderes presentes na conferência alertaram que “as pessoas ou entidades dentro ou fora da Líbia que tentarem obstruir, questionar, manipular ou falsificar o processo eleitoral e a transição política terão que ser prestar contas”, segundo a declaração final.
Observadores temem que as diferentes facções não reconheçam o resultado da votação e que o país volte a mergulhar na violência, com um presidente sem apoio e sem Parlamento.
A declaração final foi assinada pelos países envolvidos ao lado dos beligerantes – Egito, Emirados Árabes e Rússia apoiam o marechal Khalifa Haftar, que controla o leste da Líbia, e a Turquia defende o lado de Trípoli – ou na solução da crise (Alemanha, Itália e França). O texto também foi aprovado pelos Estados Unidos e pelos países vizinhos da Líbia, liderados por Egito, Argélia e Tunísia.
A conferência de Paris abordou “o plano líbio de saída das forças e dos mercenários estrangeiros”. Milhares de mercenários russos – do grupo privado Wagner -, sírios pró-Turquia, chadianos e sudaneses permanecem na Líbia, segundo a presidência francesa.
O presidente francês destacou a necessidade da retirada “sem demora dos mercenários e forças militares” da Rússia e da Turquia, que também mobilizou soldados.
Embora tenha ressaltado que um primeiro passo havia sido dado ontem ao anunciar a retirada de 300 mercenários, Macron insistiu em que a presença de tropas russas e turcas “ameaça a estabilidade e segurança do país e de toda a região.” Por ora, a Turquia mostra pouco interesse em se comprometer a retirar suas forças.
“A retirada deve ser completa e por etapas, e de forma sincronizada” entre o leste e o oeste, pontuou o chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov.
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