Debate e escândalos na semana decisiva
A última semana das eleições também contou com muitos altos e baixos para quase todas as candidaturas, o que agrega mais incertezas ao panorama.
O último debate na televisão ocorreu na segunda-feira (15/11) e contou com uma alta audiência (40 pontos em média) e teve Gabriel Boric e Sebastián Sichel como os candidatos de melhor performance.
O principal momento da noite, e que teve maior repercussão nas redes sociais, foi uma troca de farpas entre Boric e Kast, em que o candidato de extrema-direita assegura que seu programa de governo não possui ideias discriminatórias. Em seguira, seu adversário da Frente Ampla passa a citar diversos pontos do programa de Kast onde sim há discriminação contra mulheres, população LGBTI+, ativistas de esquerda, entre outros grupos – indicou, além disso, um projeto do adversário que prevê que subsídios sociais para mulheres sejam entregues prioritariamente àquelas que são casadas.
A cena ainda ganhou ares de galhofa, porque enquanto Boric citava as controvérsias do programa do adversário, Kast era mostrado na outra metade da tela buscando os pontos mencionados, passando a impressão de que desconhecia o conteúdo do seu próprio programa.
No final, as agências de fact-checking confirmaram todas as citações do candidato da esquerda, e Kast acabou afirmando que seu programa de governo “não é uma cláusula pétrea”.
Apesar de o debate ter sido uma grande vitória para Boric, a semana não foi um mar de rosas para sua candidatura. Na quinta-feira (18/11), uma reportagem do meio investigativo digital Ciper Chile revelou um caso de superfaturamento no pagamento de assessores de Karina Oliva, uma das figuras mais importantes do seu partido.
A matéria faz referência à candidatura de Oliva para governadora de Santiago, em um pleito que ocorreu entre maio e junho deste ano. Atualmente, ela é candidata a senadora, também por Santiago, e era o principal nome da coalizão de Boric nessa disputa.
A reação de Boric a respeito desse caso foi rápida, mas causou certo mal-estar interno: o candidato retirou o seu apoio à candidatura de Karina Oliva e pediu votos para a outra candidata a senadora pela coalizão – Claudia Pascual, do Partido Comunista –, além de pedir uma investigação do Ministério Público. “Diferente dos demais partidos, nós não temos compromisso com a impunidade, e acreditamos que todos devem estar sujeitos a investigações”, argumentou durante uma coletiva, após o ato de encerramento de sua campanha.
Os candidatos de direita e de centro tampouco tiveram uma semana muito positiva, devido à votação do impeachment de Sebastián Piñera no Senado, que terminou sendo rejeitada graças aos votos dos senadores de direita, aliados do candidato Sebastián Sichel, e do Partido Democrata Cristão, de Yasna Provoste – embora ela mesma tenha sido a única do seu partido a votar a favor.
É possível que o não impeachment de Piñera, presidente que conta com menos de 20% de aprovação, tenha efeitos negativos nas candidaturas dos que votaram contra a saída do mandatário, segundo analistas políticos.
Todos esses elementos terão suas consequências neste domingo, em que dificilmente alguma dessas candidaturas poderá superar os 50% dos votos. Portanto, duas delas conquistarão as vagas para a disputa do segundo turno, que acontecerá no dia 19 de dezembro. Resta saber quais serão.
(*) Com reportagem de Victor Farinelli