Depois dos três primeiros games da série Ace Attorney ganharem um tapa no visual com a coletânea “Phoenix Wright: Ace Attorney Trilogy”, agora os três títulos seguintes também vão ganhar uma revitalizada em “Apollo Justice: Ace Attorney Trilogy“. Esses games contam a trajetória de dois novos advogados que entram para a trupe da “Agência de Qualquer Coisa Phoenix Wright “, bem como passam pelo período da “Era Obscura da Lei”, um arco que une os games 4, 5 e 6 da franquia Ace Attorney.
Vamos passar nossas impressões jogando o game em sua versão para Nintendo Switch, sendo que o game também está disponível no PC através da Steam e da Windows Store, no Playstation através da Playstation Store, no Xbox via Xbox Store. No Switch, pode ser adquirido através da Nintendo Store, sendo que para o console da Nintendo também há uma versão física.
Revitalizando o clássico
A série Ace Attorney (ou Gyakuten Saiban, no Japão) tem pontuações elevadas se você dá uma conferida no Metacritics, mas envelheceram especialmente mal. O motivo é que games como o quarto título – e primeiro dessa trilogia – o Apollo Justice: Ace Attorney, foi lançado em 2007 para Nintendo DS. Dado o hardware limitado do portátil da Nintendo, temos um game que envelheceu ainda pior do que outros títulos da época, especialmente por conta da baixa resolução.
Então o primeiro mérito da trilogia é resolver essa defasagem para algo compatível com os tempos atuais. Mesmo jogando em uma tela 4K, a versão de Nintendo Switch não “passou fome” e entregou gráficos bem decentes para um gameplay em uma tela ampla.
O primeiro benefício, e bem relevante considerando o estilo do jogo, são os textos em alta resolução. A série é uma Visual Novel de aventura, então se prepare para uma porrada de textos, e quanto mais legíveis, melhor. As animações também são um elemento marcante da série, e ver os personagens retrabalhados em alta definição é uma boa adição a trilogia.
Melhorias no gameplay
A série Ace Attorney possui um gameplay bem consolidado, sem muito espaço para grandes mudanças em uma atualização. Ainda assim, a Apollo Justice Trilogy traz boas sacadas para melhorar a experiência.
Algumas melhorias de “qualidade de vida” tornam o game mais agradável de ser jogado
A primeira é um menu bem organizado que facilita muito saltar entre os casos. Para quem quer revisitar apenas alguns casos específicos, ou pra quem quer jogar de novo uma cena, o jogo facilita a navegação entre os diferentes casos de cada um dos games.
O segundo elemento é o Story Mode. Nesse “modo história”, você pode largar o controle e deixar as reviravoltas e os OBJECTIONS! correrem solto, assim o jogador pode só acompanhar o desenrolar da história. Esse modo pode ser habilitado e desabilitado em qualquer momento do gameplay, então também usei para outra função: me desemperrar.
É comum em games nesse estilo, que envolvem puzzles, eventualmente você ficar emperrado sem saber a próxima coisa a fazer ou para aonde precisa ir. Ao invés de precisar catar um “detonado”, dá para apertar um botão e deixar o game te levar pela mão para a solução. E se na sequência quiser reassumir o controle, é só desligar o Story Mode. É bem prático, mas não esqueça que habilitar o Story Mode impede o jogador de liberar as conquistas de resolver os casos.
Se você se perder em algum diálogo, também dá pra rever todas as falas da história, e assim pegar algum detalhe que passou batido.
Adições relevantes aos fãs
Além das facilitações no gameplay, o game traz alguns adicionais para quem é fã da franquia. O primeiro são os sempre bem-vindos detalhes do desenvolvimento do jogo. A galeria de arte traz vários conteúdos, desde design de personagens e artes originais da franquia até as novas desenvolvidas especialmente para essa trilogia.
Também foram adicionados alguns conteúdos nesta trilogia, com coisas mais bobas como novas roupas para os personagens, até elementos mais relevantes como as DLCs com episódios especiais.
Algo que também vai cair bem para quem curte a franquia é o “Orchestra Hall”. Essa interface traz a playlist de todas as músicas do game, além de composições comemorativas orquestradas para o aniversário de 15 anos da franquia. Garanto que depois de jogar, elas grudam na cabeça, então você vai provavelmente querer reouvir algumas delas. No meu caso, “Apollo Justice – A New Era Begins!!” tá morando na minha cabeça sem pagar aluguel faz semanas.
E a novidade que me pareceu mais boba, mas depois eu mudei de ideia, foi o Animation Studio, ou em tradução livre, o Estúdio de Animação. Esse espaço larga para os jogadores os “brinquedos de criação do jogo”, deixando você fazer todas as combinações que quiser entre sons do jogo, personagens, suas posturas e movimentos.
No Animation Studio dá para ver o quanto as poses dos personagens, seus designs e também expressões, são um ingrediente indispensável da franquia. Gastei mais tempo que imaginei inicialmente só fuçando nas possibilidades. Ficou só faltando um editor de histórias para montarmos o que quisermos, mas imagino que essa caixa de Pandora a Capcom ficou com medo de abrir, por bons motivos.
Não entendi o que você disse, gringo
As coletâneas “Phoenix Wright: Ace Attorney Trilogy” e “Apollo Justice: Ace Attorney Trilogy” são meus primeiros contatos com a franquia Ace Attorney, e minhas impressões são excelentes. O game merece a base de fãs que possui, e a qualidade de seus personagens e as reviravoltas no roteiro tornam um game muito divertido de fechar.
Mas eu só consegui tudo isso porque saltei a grande barreira desnecessária que a Capcom deixou no caminho: a falta de localização para nós brasileiros. O game chega com suporte a sete idiomas, e o português, em qualquer uma de suas variações, ficou de fora.
Isso entra em contraste com outros games da publicadora, onde ela colocou mais atenção para o público brasileiro. Resident Evil vem recebendo não só tradução, mas também dublagem, localizada para nosso país.
Em um game em que o roteiro é o pilar central da experiência toda, é um vacilo enorme da empresa lançar o jogo com tão poucas opções de línguas. E para nós brasileiros, fica difícil a recomendação exceto se você domina algum dos idiomas oficialmente suportados. E isso com o desgosto de saber que tem fãs que vão lá, “trabalham de graça” para a Capcom e fazem essa parte do serviço que ela ficou devendo.
E aí, vale a pena o Apollo Justice: Ace Attorney Trilogy?
E então, como ficamos? Eu entro em uma questão conflituosa, já que por um lado o game recebeu atualizações sensíveis na qualidade e está em ótima forma para os dispositivos atuais, pronto para ser descoberto por uma nova geração. Mas acho que ela falha no básico ao não entregar a tradução para um game em que os diálogos são o centro da experiência.
Se já domina o inglês, francês, alemão, coreano, japonês ou chinês, e se empolgou pra gritar um OBJECTION!, mande ver. Senão, quem sabe seja melhor esperar terminarem o que a Capcom ainda não fez, embarcar nas aventuras do “Apolo Justo” e, de quebra, aproveitar que os preços devem estar mais baratos, no futuro.
Prós
Gráficos revitalizados
Melhorias de “qualidade de vida” facilitam curtir o game
Biblioteca de músicas para curtir as trilhas do game
Acervo com artes de desenvolvimento
Dá pra gastar um tempo no Animation Studio
O carisma dos personagens e a qualidade das reviravoltas não envelheceram nem um pouco
Contras
Sem tradução para PT-BR
Vou até colocar duas vezes a reclamação da falta de localização
Sério, Capcom, já tem fã fazendo isso por conta própria