A prática comum de receitar anticoagulantes para pacientes que tiveram derrames inexplicáveis deveria parar, revela um estudo liderado por pesquisadores da Columbia, da Weill Cornell Medicine e da Universidade de Washington.
Até aqui, era defendido que o medicamento poderia prevenir novo acidentes vasculares cerebrais em pessoas cujo AVC inicial tinha causa desconhecida — e que também tinham problemas cardíacos. A cardiopatia atrial, por exemplo, é uma causa comum de acidente vascular cerebral.
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Como foi realizada a pesquisa
Um ensaio realizado com 1.015 pessoas descobriu que pacientes com a cardiopatia que receberam o anticoagulante Apixabana tiveram a mesma taxa de AVC (4,4%) que os outros que receberam só aspirina, outro padrão de tratamento.
“Este estudo diz aos neurologistas que os pacientes com este tipo de doença cardíaca não devem tomar anticoagulantes, que são mais arriscados que a aspirina”, disse Mitchell Elkind, MD, professor de neurologia e um dos líderes do estudo.
O desafio dos AVCs inexplicáveis
- Um terço dos acidentes vasculares cerebrais têm causas desconhecidas e são um desafio para os neurologistas, que procuram auxiliar os pacientes a evitar novos acidentes vasculares cerebrais.
- Com base em anos de pesquisa, neurologistas pensaram ter encontrado uma resposta: muitas pessoas que sofrem derrames inexplicáveis apresentam alterações no coração.
- “Para uma em cada três pessoas cujo AVC sempre houve incerteza”, comentou Elkind.
- Outros estudos apoiavam a ideia, um dos principais foi conduzido na década de 90.
Uma análise das amostras de sangue armazenadas desse estudo mostrou que os anticoagulantes estavam associados a menos acidentes vasculares cerebrais em pacientes com biomarcadores para cardiopatia atrial, mas não em outros com AVCs inexplicáveis.
Conclusão e próximos passos
“Na minha opinião, o próximo passo não é descartar o conceito de tratamento da cardiopatia atrial, mas ver se existem indicadores que façam um trabalho melhor na identificação de pacientes que se beneficiariam com anticoagulantes”, conclui Elkind.
Gostaria de pensar que demos meio passo na direção errada e que só precisamos continuar numa direção ligeiramente diferente para identificar a população certa de pacientes, então esses são os tipos de perguntas que ainda precisamos responder
Mitchell Elkind, MD, professor de neurologia e um dos líderes do estudo
Outra possibilidade é que outros fatores, incluindo tabagismo ou pressão alta, tenham sido responsáveis por derrames inexplicáveis dos participantes. Os investigadores estão agora a discutir os próximos passos, incluindo a viabilidade de ensaios futuros.
Mais informações sobre a pesquisa estão disponíveis aqui (em inglês) e no Medical Xpress.