Quem era a montanhista que ficou congelada por 42 anos? Esta foi a pergunta que surgiu após um grupo de montanhistas argentino encontrar um cadáver congelado no Cerro Mercedario (6.720 m), situado na Cordilheira dos Andes a 100 km a norte do Monte Aconcágua (6.961 m). Autoridades locais estão ainda tentando determinar a identidade.
O corpo foi encontrado na última terça-feira preso a uma geleira a 5.000 metros acima do nível do mar. Após receberem a notícia, policiais deslocaram-se para o local onde tiveram de quebrar um bloco de gelo para recupera-lo. A princípio se pensou que se tratava do montanhista alemão Andreas Colli, que desapareceu no mesmo local em 2002.
Quem era María ‘Patty’ Emilia?
Mas, após análise, o cadáver tinha roupas femininas e foi levantada a hipótese de que se trata da montanhista argentina Maria Emilia Altamirano, natural de Tucumán e que tinha desaparecido em 1981 na região. Conhecida como “Patty”, Altamirano tinha 20 anos à época, quando em março de 1981 empreendeu a fatídica expedição com sua irmã Corina e seu então namorado Sergio Bossini.
Quatro dias depois, depois de se aclimatarem à altitude e às condições climatéricas, iniciaram a subida. Antes da chegada da noite, por volta das 19 horas, eles decidiram montar base no sopé de uma geleira de 4.300 metros de altura, detalhou o relatório feito na época pelo Clube Andino de Tucumán.
Paty se desequilibrou e caiu em uma greta enquanto estava fazendo reconhecimento do local no qual seu grupo iria acampar. De acordo com o grupo, o corpo de Paty estava em uma greta, no qual era impossível acessar.
Tanto a irmã quanto o namorado desceram para procurá-la, mas não tiveram sucesso devido à escuridão. Quando conseguiram encontrá-la na manhã seguinte, a jovem já estava morta. A força policial e de resgate enviou um grupo de profissionais, mas o corpo havia sido soterrado pela neve.
Segundo seus familiares María Emilia Altamirano era amante da natureza e se preparou por dois anos para escalar o Cerro Mercedario. Seis meses após o acidente, que aconteceu em 31 de dezembro de 1981, sua mãe, Martha Dichiara de Altamirano, sua irmã Corina e seu irmão Marcelo fizeram outra expedição para recuperar seu corpo.
Bossini voltou ao local mais vezes, sendo a última em 1984, e ao não conseguir resgata-lo deixou uma cruz de ferro em cima do glaciar.
Formado em Engenharia Civil e Ciências da Computação, começou a escalar em 2001 e escalou no Brasil, Áustria, EUA, Espanha, Argentina e Chile. Já viajou de mochilão pelo Brasil, EUA, Áustria, República Tcheca, República Eslovaca, Hungria, Eslovênia, Itália, Argentina, Chile, Espanha, Uruguai, Paraguai, Holanda, Alemanha, México e Canadá. Realizou o Caminho de Santiago, percorrendo seus 777 km em 28 dias. Em 2018 foi o único latino-americano a cobrir a estreia da escalada nos Jogos Olímpicos da Juventude e tornou-se o primeiro cronista esportivo sobre escalada do Jornal esportivo Lance! e Rádio Poliesportiva.