"A destruição da Amazônia acelera": novo recorde de desmatamento no Brasil choca imprensa europeia

A imprensa europeia desta sexta-feira (19) repercute o anúncio feito na véspera pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre o desmatamento que atingiu níveis recordes na Amazônia, nos últimos 15 anos. Os principais jornais do Velho Continente estão céticos sobre as audaciosas promessas do governo Bolsonaro para tentar gerenciar o problema.  

A imprensa europeia desta sexta-feira (19) repercute o anúncio feito na véspera pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre o desmatamento que atingiu níveis recordes na Amazônia, nos últimos 15 anos. Os principais jornais do Velho Continente estão céticos sobre as audaciosas promessas do governo Bolsonaro para tentar gerenciar o problema. 
 

“A destruição da Amazônia acelera” é manchete do jornal Le Monde, que destaca que “nada parece pausar o desmatamento no Brasil”. Segundo dados oficiais do sistema de monitoramento Prodes, do Inpe, a devastação da maior floresta tropical do planeta aumentou cerca de 22% entre agosto de 2020 e julho deste ano. 

O Le Monde destaca que, “pelo terceiro ano consecutivo, desde a chegada ao poder do presidente Jair Bolsonaro, o desmatamento aumenta”. A matéria afirma que ele é alvo de inúmeras críticas internacionais por ter enfraquecido a proteção dos ecossistemas amazônicos e defendido atividades ilegais nas reservas florestais.

A questão também intriga o jornal britânico The Guardian, que traz como manchete: “Desmatamento na Amazônia brasileira atinge seu pico desde 2006”, apesar das tentativas do governo de exibir supostos esforços. O diário ressalta que na COP26 em Glasgow, a delegação do Brasil antecipou em dois anos – de 2030 para 2028 – o limite para eliminar a destruição da floresta.

No entanto, os representantes brasileiros que participaram da conferência teriam omitido dados sobre o desmatamento para mostrar que a situação está sob controle, reitera a matéria, citando acusações feitas pelo Observatório do Clima, que reúne as principais ONGs e institutos ambientalistas que atuam no país.

“O Brasil, que abriga a maior parte da Amazônia, é visto como crucial no pacto global. As árvores da maior floresta tropical do mundo absorvem vastas quantidades de dióxido de carbono que poderiam esquentar ainda mais o planeta. Muitos cientistas advertem que se a devastação continuar, pode-se chegar em uma situação irreversível, transformando o local em uma savana”, afirma o jornal The Guardian

O jornal espanhol El País destaca que a política adotada pelo governo Bolsonaro consiste em enfraquecer a vigilância na floresta, substituindo ambientalistas por militares nos órgãos encarregados da proteção do meio ambiente. O presidente brasileiro também cumpriu a promessa de não demarcar nenhum centímetro a mais de terras indígenas, além de ter relaxado leis e multas por crimes contra o meio ambiente, sublinha o diário. 

“O Brasil passou de aluno exemplar a vilão ambiental em poucos anos”, diz a matéria. “O governo Bolsonaro insiste em proclamar que não vai tolerar atividades ilegais na Amazônia, mas basta ir até lá para ser testemunha da velocidade em que avança o desmatamento, a ocupação de terras para a criação de gado e as invasões de mineiros em reservas indígenas”, conclui o jornal espanhol El País


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