Sem contradição, ‘Jair Rodrigues: Deixa que Digam’ reforça lado apolítico e importância de cantor








O documentário Jair Rodrigues: Deixa que Digam, dirigido por Rubens Rewald, chegou aos cinemas na última semana. O longa, que conta com o filho Jairzinho interpretando o próprio pai em algumas cenas, traz a história do cantor de sucesso que nasceu em Igarapava (SP) e morreu aos 75 anos, vítima de um infarto, enquanto estava na sauna de casa, em 2014.







Com mais de uma hora e meia de duração, o filme mostra depoimentos emocionantes de amigos, familiares e artistas que conviveram com o alegre e sempre espontâneo Jair Rodrigues, relembra os altos e baixos de sua carreira e recupera imagens — algumas delas, raras — de festivais de MPB históricos e memoráveis. Em contrapartida, peca ao deixar de se aprofundar em questões polêmicas que também acompanharam o artista ao longo do tempo. Não há contradição no filme.


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Em dado momento, o documentário chega a defender o lado apolítico de Jair Rodrigues — que não costumava se posicionar politicamente em pleno regime militar no Brasil (1964-1985) — e faz um esforço para relatar a imagem de um homem negro que, segundo eles, debatia o racismo através das entrelinhas de suas músicas.


O fato é que Jair Rodrigues: Deixa que Digam também toca e emociona o espectador, faz o público reviver a história sofrida e de superação de um jovem que cresceu na roça e que, já na cidade grande, conquistou uma multidão de fãs através da genialidade da música e da sua simpatia cativante.


O encontro entre Jairzão e — a não menos memorável — Elis Regina, no programa O Fino da Bossa, exibido pela Record TV entre 1965 e 1967, também é outro ponto alto do documentário: o talento, a alegria e a sintonia dos dois são exploradas em imagens recuperadas. Um verdadeiro show explode na tela neste momento. Sorte nossa!


A atuação de Jairzinho, filho do cantor, também chama a atenção. No documentário, ele interpreta o próprio pai em algumas cenas sempre narradas no tempo presente. A fala mansa e com aquela calma de sempre do músico são características de uma atuação simplória. Jairzinho transmite emoção e, talvez, seja apenas isso o que importa.









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