Quem é a mulher que se inspirou em 'Star Wars' para criar o aspirador robô

O robô aspirador de pó virou um fenômeno em muitos países. No Brasil, já vemos uma série de opções vendidas com diferentes faixas de preços. Só para se ter uma ideia, no ano passado, produtos do tipo movimentaram cerca de US$ 3,3 bilhões (R$ 18,6 bilhões) ao redor do planeta.

E se você acompanha as novidades sobre esse tipo de produto, com certeza já ouviu falar do Roomba, da empresa iRobot, um dos mais vendidos nos Estados Unidos e que vive aparecendo em vídeos virais da internet com pets e bebês “passeando” em cima deles.

A pessoa por trás da tecnologia se chama Helen Greiner. Nascida na Inglaterra em 1967, ela se mudou para os Estados Unidos quando tinha cinco anos de idade. Na infância, tornou-se grande fã da saga “Star Wars”, o que mais tarde citaria como inspiração para querer trabalhar com robôs.

Nos EUA, Greiner se formou como engenharia mecânica no MIT, o Instituto de Tecnologia do Massachusetts, e depois fez mestrado em ciência da computação. Isso deu a ela a oportunidade de ser uma das cofundadoras da iRobot, em 1990.

A iRobot é uma empresa de robótica sediada justamente no Estado americano de Massachusetts, criada por ela e outros dois antigos companheiros do laboratório de inteligência artificial do MIT: Colin Angle, um então estudante, e Rodney Brooks, o professor.

A empresa passou por dificuldades financeiras até desenvolver seu primeiro robô doméstico, e Greiner chegou a negar algumas propostas mais lucrativas feitas a ela para insistir no sucesso da companhia.

Carismático R2-D2 de “Star Wars” inspirou aspirador robô

Imagem: Reprodução

Inspiração em ‘Star Wars’

Fascinada por R2-D2, o robô de Luke Skywalker na saga espacial cinematográfica criada por George Lucas, Helen Greiner se inspirou no visual dele para a criação do Roomba, o robô que dá uma mão na limpeza da casa ao fazer a função de aspirador de pó.

O primeiro produto data de 2002, e Greiner é uma das responsáveis pelo seu projeto. De forma inovadora à época, o robô tinha sensores que o permitiam mudar de direção quando encontrava obstáculos, evitando acidentes enquanto passeava pela casa, aspirando sujidades.

Hoje, esse Roomba original faz parte da coleção do Museu Americano de História Natural, sediado em Washington, capital dos EUA, onde é descrito como “o primeiro robô doméstico” já desenvolvido com sucesso.

Em 2005, quando o Roomba já tinha sido vendido para milhões de pessoas, Greiner afirmou em entrevista que vivia sob uma “missão”: trazer os robôs para perto das pessoas.

“Acho que, antigamente, os robôs tinham uma percepção de serem um pouco assustadores, e de ser algo mais próximo da ficção científica do que dos fatos científicos”, disse. “Nós podemos fazer robôs que trabalhem melhor que os humanos em alguns casos.”

Atualmente, Greiner é chefe-executiva de outra startup, a Tertill, onde ajudou a desenvolver seu principal produto: um robô carregado com energia solar que ajuda em tarefas de jardinagem.

Polêmicas e domínio do mercado

A iRobot, que desde o início tem a maior fatia do mercado de robôs domésticos no mundo todo, vem vendo seu domínio ser reduzido ao longo dos anos. De acordo com informações do site Statista, essa fatia caiu de 64% em 2016 para 46% em 2020.

Em 2017, a iRobot decidiu processar uma série de concorrentes, como a The Hoover Co. e a Black & Decker, acusando-os de plagiar sua tecnologia sem permissão.

Embora outras empresas já tivessem seus robôs aspiradores, alguns deles eram considerados muito parecidos com o Roomba.

Um dos modelos do Roomba - UOL - UOL

Roomba i7+ – base

Imagem: UOL

A estratégia jurídica da empresa já foi criticada por alguns concorrentes, como a SharkNinja, que também foi processada e acusada de utilizar propriedade intelectual da iRobot, mais de uma vez.

De acordo com a SharkNinja, as ações judiciais são uma forma que a iRobot encontrou para “dominar o mercado de robôs aspiradores por meio de litígio, negando aos consumidores a escolha por robôs a preços mais acessíveis”.

Angle, o antigo colega de Greiner, ainda é o chefe-executivo da iRobo, e ele defende os processos como uma maneira de a empresa “se defender” do uso de suas patentes.

Há quatro anos, a companhia chegou a um acordo com a Black & Decker, em valores não revelados, que obrigou a concorrente a descontinuar sua linha de robôs aspiradores.

Uso militar de robôs

Não é possível falar de Helen Greiner e ficar apenas no Roomba e em seus concorrentes. Desde os primórdios da iRobot, Greiner e os demais fundadores focaram em criar robôs práticos também para uso militar.

Milhares deles desenvolvidos pela empresa auxiliaram as forças armadas dos EUA nas invasões do Iraque e do Afeganistão.

Um dos principais deles foi o chamado PackBot, construído para operar em condições adversas, em terrenos íngremes de montanhas, encostas e no interior de cavernas. O PackBot serve para transportar equipamentos, sem necessidade de que os soldados se movam e sejam detectados pelos inimigos.

Outras funções de robôs desenvolvidos pela iRobot incluem o desarmamento de bombas e a detecção de minas. O uso de robôs em missões militares é controverso, mas Greiner já defendeu que aqueles que ela ajudou a produzir tinham funções defensivas, não possuindo a capacidade de matar ou ferir um ser humano.

Em 2016, a iRobot vendeu sua divisão militar para focar apenas no desenvolvimento de robôs de uso doméstico.


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