YouTube vai esconder o número de dislikes dos vídeos; por que isso importa?

O YouTube anunciou ontem (10) que não mais mostrará a contagem de cliques no botão de dislike (não gosto, em tradução livre) na sua plataforma, aquele joinha para baixo com o qual normalmente se marca vídeos dos quais você não gostou. Ainda será possível marcar um vídeo com o sinal negativo, mas a contagem será privada e poderá ser vista apenas por quem o publicou.

A ideia da plataforma é acabar com os ataques coordenados de dislike em vídeos — como os que envolvem robôs para aumentar o volume de interações.

A implementação da contagem escondida ocorre depois de uma experiência que o YouTube fez, cujos resultados foram interessantes, segundo a companhia.

O experimento, de acordo com o comunicado publicado no blog da plataforma de vídeos, escondia a contagem do número de dislikes para alguns dos espectadores. O que o YouTube concluiu é que, ao manter essa contagem oculta, outros frequentadores não se sentiam estimulados a mostrar seu desgosto pelo vídeo.

Ou seja, havia uma espécie de “efeito manada”, em que um espectador dava dislike no vídeo apenas porque podia ver que já existiam muitos sinais de “não curtida” nele. Esconder o número acarretou numa redução desse tipo de comportamento, disse o YouTube.

Além disso, criadores de conteúdo novatos e aqueles que possuem audiências menores eram os mais vulneráveis a esses “ataques de dislikes”, quando há uma campanha organizada para que várias pessoas mostrem insatisfação com um vídeo.

“Com base no que aprendemos [com a experiência], vamos tornar a contagem de ‘dislikes’ privada no YouTube, mas o botão de ‘dislike’ não sumirá”, diz o texto publicado pela empresa.

Isso porque a função ainda deve ser útil para os próprios produtores de conteúdo, que vão poder visualizar a contagem e entender se seus vídeos estão agradando ou não.

Além disso, ao mostrar que você não gostou de um vídeo, esse ato continua sendo registrado pelo algoritmo das recomendações do YouTube, que trabalha de forma personalizada para cada espectador.

Ataques de ‘dislikes’

Normalmente organizadas nas redes sociais, as campanhas para promover ataques de dislikes são consideradas como assédio virtual pelo YouTube. Faz alguns anos que a empresa de vídeos do Google manifesta a intenção de fazer com que o botão deixe de se tornar um tipo de “arma” nas mãos dos espectadores.

Em 2019, Tom Leung, diretor de gerenciamento de produtos do YouTube, chegou a dizer que uma das ideias para reduzir o problema era exigir que você explicasse numa caixinha de texto os motivos de não ter gostado de um vídeo a ponto de apertar o botão.

A própria plataforma virou vítima desse botão: atualmente, o vídeo com mais dislikes da história do YouTube era o “Rewind” de 2018, espécie de retrospectiva anual feita pela empresa, referenciando os vídeos mais populares de cada ano. Nada menos que 19 milhões de “não curtidas” tinham sido dados a esse vídeo.


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