Morre Frederik de Klerk, o último presidente do apartheid

“O falecido FW de Klerk desempenhou um papel importante na história da África do Sul”, disse Tutu. “Num momento em que nem todos os seus colegas viam a trajetória futura do país se desenrolar da mesma forma, ele reconheceu o momento de mudança e demonstrou vontade de agir.”

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, foi uma das primeiras personalidades estrangeiras a homenagear o ex-presidente sul-africano. “De Klerk será lembrado por sua coragem de aço e realismo em fazer o que era manifestamente certo e deixar a África do Sul um país melhor”, disse Johnson em comunicado.

Transição democrática na África do Sul

De Klerk supervisionou os últimos dias tumultuados do regime do apartheid e foi sucedido por Nelson Mandela em 1994, nas primeiras eleições democráticas do país.

Em 2 de fevereiro de 1990, há apenas cinco meses na presidência da África do Sul, De Klerk suspendeu o banimento do Congresso Nacional Africano (ANC), um partido que havia sido classificado como grupo terrorista pelo governo do apartheide anunciou a soltura de Nelson Mandela, que estava há 27 anos preso.

Mas De Klerk também foi alvo de críticas. Muitos conservadores e simpatizantes da direita rotularam o ex-presidente de traidor por essencialmente entregar o poder ao ANC. Ele também foi criticado pelas ações das forças de segurança e pela violência usada para suprimir oponentes políticos nos anos caóticos que antecederam a transição para a democracia.

E com o anúncio de sua morte, críticos publicaram nas redes sociais que De Klerk não deveria ter um funeral de Estado devido às suas raízes no antigo regime do apartheid.

Mandela, que morreu em 2013, reconheceu em sua autobiografia Longo caminho até a liberdade o papel fundamental de De Klerk na transição para a democracia multirracial na África do Sul. “Para fazer as pazes com um inimigo, é preciso trabalhar com esse inimigo, e esse inimigo se torna nosso parceiro”, escreveu.


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