Marcelo Melo, Rafael Matos e Luisa Stefani: entenda o sucesso de tenistas brasileiros nas duplas


Por nove vezes no Aberto dos Estados Unidos, sete em Wimbledon, seis em Roland Garros e quatro no Aberto da Austrália, ao menos um tenista campeão de duplas era brasileiro. Depois da conquista do título em Melbourne em janeiro, Luisa Stefani foi campeã de duplas no WTA de Abu Dhabi, e Rafael Matos venceu o jogo na Copa Davis.


Apesar da história vitoriosa dos dois tenistas ser recente, o sucesso de brasileiros nas duplas acontece há anos.


No feminino, Maria Esther Bueno venceu pela primeira vez na Inglaterra ao lado de Althea Gibson. No masculino, Marcelo Melo foi o único brasileiro a atingir o Nº1 no ranking de duplas. Mas, afinal, qual é o motivo dos brasileiros serem tão vitoriosos na categoria?



Em entrevista ao R7, Marcelo Melo explica que existem diferenças entre o jogo simples e o de duplas. Além do principal aspecto, que é o fato do jogo de duplas contar com dois tenistas em quadra, o mineiro de 39 anos explica que é preciso criar um entrosamento com o companheiro.


“Você tem que saber jogar junto com seu parceiro, fazer as jogadas para que ambos possam complementar um ao outro. Isso já é bem diferente do simples, onde você acaba fazendo tudo sozinho mesmo”, comenta o tenista que também reforça que, atualmente, as duplas estão mais técnicas, se comparadas às de outras décadas.


Apesar de gostar de jogar em duplas desde pequeno, o alteta decidiu se dedicar na categoria quando tinha 25 anos. Após conseguir uma sequência de bons resultados com André Sá, ele alcançou uma alta classificação no ranking de duplas, o que o permitiu competir em torneios maiores.


O sucesso continuou. Em 2007, os brasileiros alcançaram a semifinal em Wimbledon e, no mesmo ano, as quartas de final no Aberto dos Estados Unidos. O caminho continuou a ser percorrido e Marcelo Melo atingiu o Nº1 no ranking de duplas em 2015, o que o tornou o primeiro e único brasileiro a conquistar o feito.



“A sensação [de ser o Nº1 do mundo] é praticamente inexplicável. A gente sonha um dia em ser profissional, no outro dia em ser campeão de Grand Slam, mas realmente quando você chega a número um do mundo, é difícil descrever”, conta Melo.


O tenista acredita que alcançou o topo do mundo por conta da parceria de sua dupla e que, para ele, é gratificante erguer os troféus ao lado do companheiro de quadra, porque um depende do outro para vencer.


“Aquela pessoa [dupla] te levou a conquistar o seu sonho, ele passa de um jogador a seu amigo. Isso acaba influenciando muito nos resultados”, destaca.


Além do entrosamento, Edu Faria, preparador físico de tênis e responsável pela preparação do Brasil na Copa Davis, detalha ao R7 que o treino das duplas é diferenciado. Como as demandas energéticas são diferentes entre os dois estilos, os tenistas devem se dedicar em diversos aspectos.



“No jogo de duplas, os jogadores cobrem um espaço setorizado da quadra. É necessário o desenvolvimento harmonioso das capacidades motoras, a antecipação, a velocidade de reação, a agilidade, a força, a potência nos movimentos. O jogo de dupla é um jogo rápido, estratégico, empolgante”, explica.


Nos dias 3 e 4 de fevereiro de 2023, o Time Brasil encarou o Time China nos playoffs da Copa Davis e superou o adversário pro 4 a 0. Apesar do confronto duro contra os chineses, o preparador físico destaca o bom momento do tênis brasileiro, que é reflexo do trabalho da CBT.


A Confederação Brasileira de Tênis apoia os jogadores, capacita professores e cria parcerias no exterior, na França e nos Estados Unidos, para dar oportunidade aos novos atletas. Com a sequência de bons resultados de brasileiros nas duplas, cada vez mais os investidores têm acreditado no desenvolvimento do esporte.


Faria ressalta que a premiação dos jogos de duplas passaram a ficar mais atrativas, o que fez muitos jogadores migrarem do simples para as duplas.


“O sucesso de jogadores como Marcelo Melo e Bruno Soares, a medalha olímpica da Laura Pigossi e Luisa Stefani, e o recente título na Austrália da dupla mista Rafael Matos e Luisa Stefani, são fortes indícios de que uma nova geração de jogadores jovens estão se aventurando nessa atrativa modalidade”, comenta.


Em 2023, Marcelo Melo chega a sua 17ª temporada no profissional. Ele se sente motivado para o ano, principalmente após vencer o ATP de Tóquio, no fim de 2022, ao lado de Mackenzie McDonald.


“Eu ainda acredito que posso fazer resultados grandes. Como um campeão de Grand Slam, voltar a ser Nº1 do mundo. Eu preciso continuar treinando firme que os resultados virão. Quem sabe este ano seja um retorno aos títulos grandes e ao topo do ranking novamente”, projeta o mineiro, que mira o top-10 e o Nº1 ao fim da temporada.


Marcelo Melo, ao lado de Juan Sebastian Cabal (COL), e Rafael Matos, com David Vega Hernandez (ESP), disputarão o Rio Open, torneio masculino de ATP do Rio de Janeiro da categoria 500. A competição acontece de 18 a 26 de fevereiro.




Confira os nomes brasileiros que conquistaram títulos de Grand Slam nas duplas



Aberto da Austrália

2023 – Rafael Matos e Luisa Stefani: duplas mistas

2016 – Bruno Soares e Jamie Murray (escocês): duplas masculinas

2016 – Bruno Soares e Elena Vesnina (russa): duplas mistas

1960 – Maria Esther Bueno e Christine Truman (inglesa): duplas femininas


Roland Garros

2019 – Matheus Pucinelli e Thiago Agustín (argentino): duplas masculinas do juvenil

2015 – Marcelo Melo e Ivan Dodig (croata): duplas masculinas

1994 – Gustavo Kuerten e Nicolás Lapentti (equatoriano): duplas masculinas

1975 – Thomaz Koch e Fiorella Bonicelli (uruguaia): duplas mistas

1960 – Maria Esther Bueno e Darlene Hard (americana): duplas femininas

1960 – Maria Esther Bueno e Robert Howe (australiano): duplas mistas


Wimbledon

2017 – Marcelo Melo e Łukasz Kubot (polonês): duplas masculinas

2014 – Orlando Luz e Marcelo Zormann: duplas masculinas do juvenil

1966 – Maria Esther Bueno e Nancy Richey (americana): duplas femininas

1965 – Maria Esther Bueno e Billie Jean King (americana): duplas femininas

1963 – Maria Esther Bueno e Darlene Hard (americana): duplas femininas

1960 – Maria Esther Bueno e Darlene Hard (americana): duplas femininas

1958 – Maria Esther Bueno e Althea Gibson (americana): duplas femininas


Aberto dos Estados Unidos

2020 – Bruno Soares e Mate Pavić (croata): duplas masculinas

2016 – Bruno Soares e Jamie Murray (escocês): duplas masculinas

2016 – Felipe Meligeni e Juan Carlos Aguilar (boliviano): duplas masculinas do juvenil

2014 – Bruno Soares e Sania Mirza (indiana): duplas mistas

2012 – Bruno Soares e Ekaterina Makarova (russa): duplas mistas

1968 – Maria Esther Bueno e Margaret Court (australiana): duplas femininas

1966 – Maria Esther Bueno e Nancy Richey Gunter (americana): duplas femininas

1962 – Maria Esther Bueno e Darlene Hard (americana): duplas femininas

1960 – Maria Esther Bueno e Darlene Hard (americana): duplas femininas


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