Surto de pneumonia era esperado após pandemia da Covid-19

Um novo surto de pneumonia bacteriana deixou hospitais chineses sobrecarregados com crianças doentes em novembro de 2023. O caso foi assunto aqui no Olhar Digital. Na mesma época, a Holanda, Dinamarca, Reino Unido e os Estados Unidos também relataram um aumento de casos entre a faixa etária. Porém, a situação não é uma surpresa. A Organização Mundial da Saúde já previa esse pico depois do período de isolamento da pandemia do Covid-19.

Em conversa com o Jornal da USP, o diretor de Serviço da Divisão de Pneumologia do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Alberto Cukier, explicou o motivo. Entenda:

Por que o pico de pneumonia bacteriana era esperado?

  • A onda de pneumonia bacteriana está associada à circulação da bactéria Mycoplasma pneumoniae, também conhecida como “pneumonia ambulante”.
  • Esse microorganismo circula entre humanos que já desenvolveram anticorpos contra a infecção há um bom tempo.
  • Porém, quando ficamos em isolamento devido à pandemia do Covid-19, também reduzimos o contato com ele.
  • Consequentemente, nosso corpo não desenvolveu anticorpos, deixando-nos despreparados para lidar com variantes da bactéria.
  • Então, era esperado que quando retornássemos do isolamento, os casos de pneumonia aumentassem.

O que está por trás disso é que, no dia a dia em que vivemos, nós ficamos expostos a esses agentes infecciosos e, ao nos expormos, adquirimos imunidade. Quando nós ficamos vários meses reclusos em casa, esses vírus e bactérias circulavam e não estávamos expostos. Havia essa percepção de que, na retomada, estaríamos mais desarmados para responder a uma invasão de um desses microrganismos.

Alberto Cukier para o Jornal da USP.

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Existe risco de uma pandemia de pneumonia?

Segundo Cukier, o risco de ocorrer uma pandemia de pneumonia é “zero”. A infecção por Mycoplasma já é bem conhecida entre os especialistas da saúde e possui um tratamento eficiente baseado em antibióticos que combatem o microorganismo.

Além disso, os níveis de infecções podem ter aumentado, mas não chegaram a um nível alarmante. O controle da doença não é um desafio atualmente, principalmente porque as pessoas adquiriram o hábito de utilizar álcool em gel e higienizar as mãos com frequência e de evitar contato com outras pessoas quando doente.


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