“Boa noite, Odie”! Módulo de pouso histórico é desligado na Lua

Ele entrou para a história como a primeira espaçonave privada a pousar na Lua, além de representar o retorno dos EUA ao satélite natural da Terra após mais de meio século,  desde a missão Apollo 17 em 1972. Agora, passados sete dias, o módulo de pouso Nova-C (nesta versão apelidado de Odysseus) encerrou sua missão, adormecendo com a chegada da noite lunar.

Vamos relembrar a saga da sonda Odysseus:

  • O módulo lunar Odysseus, de 4,3 metros de altura, é fabricado e gerenciado pela empresa Intuitive Machines;
  • O equipamento foi lançado à Lua a bordo de um foguete Falcon 9, da SpaceX, em 15 de fevereiro;
  • Ao pousar em solo lunar, no dia 22, a missão, batizada de IM-1 (Intuitive Machines 1), se tornou histórica;
  • Como previsto, a sonda fez a alunissagem perto da cratera Malapert A, a cerca de 300 km do polo sul lunar, no lado do satélite voltado para a Terra;
  • Isso demorou cerca de 15 minutos para ser confirmado, devido a uma falha inicial de comunicação pós pouso;
  • Descobriu-se que esse atraso no contato com Odysseus foi porque ele pousou de forma indevida e tombou;
  • Por essa razão, as antenas ficaram mal posicionadas, atrapalhando o envio inicial de dados.

Além disso, por causa da orientação dos painéis solares, temia-se que a missão fosse encurtada pela incapacidade da espaçonave de gerar energia. No entanto, para satisfação geral, isso não aconteceu, e a sonda foi desligada no momento esperado, quando se inicia a noite na Lua. A Intuitive Machines anunciou o desligamento no X (antigo Twitter).

“Antes que sua bateria se esgotasse, Odysseus completou uma transmissão de despedida adequada. Recebida hoje, esta imagem de 22 de fevereiro mostra a Terra crescente como pano de fundo, um lembrete sutil da presença da humanidade no Universo”, publicou a empresa, finalizando a postagem com uma mensagem de despedida e otimismo. “Boa noite, Odie. Esperamos ouvi-lo novamente”.

Isso significa que é possível que Odysseus “acorde” dentro de duas semanas (período equivalente a uma noite lunar) – assim como aconteceu com a sonda SLIM (sigla em inglês para “Nave Inteligente para Investigação da Lua”), da agência espacial do Japão (JAXA).

NASA considera missão IM-1 um sucesso

Em entrevista concedida na manhã de quarta-feira (28), Bill Nelson, administrador da NASA, disse que a missão é considerada um sucesso. “Estamos no sexto dia do que foi planejado como uma missão de oito dias. E ainda estamos recebendo dados. E estamos recebendo dados de todos os nossos seis instrumentos”.

Os instrumentos da NASA incluem um sensor de descida e pouso baseado em laser, um sistema de câmeras para detalhar a pluma gerada pelo pouso lunar de Odysseus e um novo “medidor de combustível da era espacial”, que utiliza sensores para medir o propelente remanescente nos tanques do módulo de pouso.

Mais tarde, em uma coletiva de imprensa realizada no Centro Espacial Johnson, da NASA, representantes da agência e da Intuitive Machines forneceram atualizações da missão.

Estiveram presentes Joel Kearns, vice-administrador associado do setor de Exploração da Diretoria de Missões Científicas da NASA, Sue Lederer, cientista de projetos do programa Serviços Comerciais de Carga Útil Lunar (CLPS) da agência, Steve Altemus, CEO e cofundador da Intuitive Machines, e Tim Crain, CTO e cofundador da empresa.

Segundo informado na conferência, a espaçonave superou as expectativas, fornecendo não apenas dados de todos os instrumentos da NASA, como também das demais seis cargas úteis de empresas comerciais parceiras.

Sonda quebrou a perna na Lua

Durante a coletiva, a empresa apresentou imagens feitas pelas câmeras de pouso da sonda Odysseus. Nelas, é possível ver o módulo inclinado na superfície da Lua e uma de suas “pernas” quebrada, “mas ainda mais ereto do que pensávamos inicialmente”, disse Altemus.

Imagem registrada pela câmera de pouso mostra que a sonda Odysseus quebrou uma “perna” ao chegar à Lua. Crédito: Intuitive Machines

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A missão IM-1 faz parte do CLPS, programa por meio do qual a NASA contrata  empresas privadas dos EUA por serviços de carga para a Lua. A agência considera o CLPS uma maneira mais econômica de fazer ciência, ao mesmo tempo em que semeia o que espera que se torne uma economia lunar próspera.

Segundo revelado na coletiva, a Intuitive Machines tem mais duas missões à Lua em perspectiva para 2024 – sendo que a próxima fará um robô perfurar a superfície do astro. “Abrimos as portas para uma economia cislunar robusta e próspera no futuro. Isso é convincente”, disse Altemus. “Acho que esse experimento CLPS, esse primeiro pouso, o sucesso na Lua para os EUA pela primeira vez em 52 anos, é realmente um ponto da história que devemos comemorar”.


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