O que o sucesso da Nvidia revela sobre China e IA?

O retumbante sucesso da Nvidia tem nome e sobrenome: a dependência dos mercados mundiais de chips que suportem aplicações de inteligência artificial, a IA. É consenso entre os especialistas que IA é a próxima grande revolução tecnológica e companhias do mundo todo terão apetite progressivo por chips deste tipo.

Bem, pouca gente pode fornecê-los. Um destes poucos é a Nvidia.

O dado interessante neste processo de boom no mercado de ações é que ele aconteceu justamente quando as vendas da Nvidia desabaram na China. A empresa, de origem americana, está proibida de exportar chips de arquiteturas mais avançadas para a China. O resultado desse movimento é que as vendas trimestrais de semicondutores da Nvidia para o país chinês caíram de US$ 2,9 bilhões no último trimestre de 2022 para “modestos” US$ 900 milhões no mesmo período de 2023.

Ora, mesmo com um tombo deste tamanho em um mercado estratégico, como o chinês, os papéis da Nvidia tiveram toda essa alta. Sinal de que, ao menos para o mercado financeiro, é possível sobreviver muito bem, obrigado, mesmo se você não vender suas mercadorias para os chineses.

O ponto fraco desta estratégia de “privar” a China de chips avançados é que isto empurra o país a acelerar o desenvolvimento in house de seus próprios chips avançados.

Neste mês, a Huawei apresentou sua nova linha de chips para IA, chamada Ascenso. São bons, mas não são competitivos, ainda. Usam tecnologia mais antiga e, portanto, são mais caros de produzir que os da competidora Nvidia. Em algum momento, porém, podem se tornar mais baratos na China, como, aliás, já aconteceu com todos os produtos industrializados feitos no mundo: das geladeiras aos automóveis.


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