uso prolongado faz mal à saúde, diz pesquisador

Como qualquer outra coisa, use o Vision Pro, o novo óculos de realidade virtual da Apple, com moderação. Desde o lançamento no mercado americano, na semana passada, vídeos com pessoas vestindo o dispositivo para dirigir, passear no shopping e até fazer exercícios físicos tomaram conta das redes sociais.

A euforia com a novidade, no entanto, deve ser levada com cautela. Isso é o que diz Jeremy Bailenson, professor da Universidade de Stanford e pesquisador de realidade virtual. Junto de outros 10 colegas, ele fez um experimento: passou horas vestindo os óculos da Apple e da Meta (o Quest) e revelou que o uso pode fazer mal à saúde e dessensibilizar os usuários.

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Uso contínuo do Apple Vision Pro

Segundo o The Washington Post, os pesquisadores usaram o Apple Vision Pro e o Meta Quest 3 (óculos de realidade virtual da Meta) durante horas seguidas. Eles comeram, andaram de bicicleta, jogaram bola e fizeram quebra-cabeças, entre outras atividades.

A maioria dos voluntários relatou ter sentido desconforto, como dor de cabeça ou náusea, ao usar os óculos por muito tempo. Eles também disseram que humanos que apareciam em seu caminho pareciam falsos, como personagens animados.

Algumas atividades, como levar um garfo à boca ou segurar uma bola arremessada, foram especialmente mais difíceis. Depois de algumas tentativas, o voluntário se acostumava.

Vision Pro (Imagem: divulgação/Apple)
Vision Pro (Imagem: divulgação/Apple)

Apple Vision Pro pode fazer mal à saúde?

Com algumas décadas de pesquisas sobre realidade virtual, Jeremy Bailenson chegou a algumas conclusões sobre o Apple Vision Pro:

  • Os óculos de realidade virtual são “incríveis” e devemos usá-los… mas não muito;
  • Bailenson sugere que usar um “computador preso a um headset” durante longos períodos pode ser arriscado para o cérebro, para a saúde e até para nossas conexões sociais;
  • Isso porque os dispositivos bloqueiam o mundo ao redor e nos entregam uma versão virtual aproximada. Você até consegue ver o que está a sua frente, mas não é real;
  • Além disso, a realidade é distorcida. Por exemplo, objetos podem parecer mais distantes e espaços apertados podem ficar amplos. Um dos voluntários do experimento constantemente esbarrava e tropeçava no próprio quarto enquanto usava o Apple Vision Pro.
  • Ele disse que, a princípio, isso pode parecer inofensivo. No entanto, sua pesquisa de anos revelou que o uso prolongado pode fazer o usuário se adaptar à realidade distorcida, afetando sua percepção real.
  • O uso também causa “distorções sociais”. Isso porque, como o experimento mostrou, os óculos de realidade virtual não mostram as pessoas reais como elas são, mas como personagens de um desenho, o que as desumaniza para o usuário.
Meta Quest 3 também fez parte do experimento (Imagem: FrimuFilms/Shutterstock)

Como usar os óculos de realidade virtual com segurança?

O pesquisador defende que os usuários devem usar os headsets durante 30 minutos ao dia, apenas. Depois, devem pausar e fazer atividades que os tragam de volta à realidade, como tocar uma parede ou conversar com uma pessoa.

Ainda, os usuários não devem usar os óculos de realidade virtual ao fazer atividades que coloquem a si próprios ou outras pessoas em risco. Documentos da Apple fazem uma recomendação semelhante: não usar dirigindo ou outras “situações que precisam de atenção à segurança”.

Bailenson também acredita que a Apple e a Meta devem desabilitar o uso dos óculos durante o trabalho ou quando sensores identificarem que estão em um carro em movimento. Ambas companhias foram contatadas pelo jornal, mas não responderam à proposta do pesquisador.


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