2023 é o ano mais quente já registrado, dizem cinco organizações

A humanidade enfrentou o ano mais quente já registrado em 2023. É o que diz a NASA. E a Organização Meteorológica Mundial (OMM), vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU). Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) dos EUA, programa Copernicus da União Europeia e Met Office, serviço meteorológico do Reino Unido, concordam.

Para quem tem pressa:

  • A NASA, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA) dos EUA, o programa Copernicus da União Europeia e o Met Office do Reino Unido confirmaram que 2023 foi o ano mais quente já registrado;
  • Apesar de cada instituição usar conjuntos de dados e técnicas ligeiramente diferentes, todas concordaram que 2023 superou 2016, ano recordista até então. As temperaturas médias globais da superfície variaram de 1,18 °C a 1,48 °C acima das respectivas bases de cada organização;
  • Além de ser o ano mais quente em geral, 2023 quebrou vários outros recordes de temperatura. Por exemplo: cada mês de junho a dezembro estabeleceu novos recordes para aqueles meses, com julho sendo o mês mais quente já registrado;
  • O ano também foi notável por ter todos os dias mais de 1 °C acima da média pré-industrial, com quase metade dos dias sendo mais de 1,5 °C mais quentes. Dois dias em novembro ultrapassaram o limite de 2 °C, marca nunca antes alcançada;
  • As condições climáticas extremas de 2023 incluíram recordes de temperatura da superfície do oceano, mínimas históricos de gelo marinho na Antártica, e o conteúdo de calor do oceano mais alto já registrado. Com a perspectiva de um evento El Niño em 2024, temperaturas podem continuar a subir, agravando os impactos das mudanças climáticas.

Cada instituição fez sua análise. E todas chegaram à mesma conclusão. O ano também quebrou diversos outros recordes, enquanto populações de norte a sul do planeta vivenciavam, em sequência, eventos climáticos severos.



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2023 em análise

Visão panorâmica da cidade de São Paulo durante pôr do sol
(Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Cada organização trabalha com conjuntos de dados e técnicas ligeiramente diferentes entre si, o que resulta em pequenas variações nos números apontados pelas análises. No entanto, foi consenso entre as cinco: 2023 foi o ano mais quente que o recordista anterior, 2016, por margem ampla.

Confira abaixo resumos das conclusões das análises:

  • A NASA descobriu que as temperaturas médias globais da superfície estavam 1,2 °C acima do período de base que usa – de 1951 a 1980;
  • A NOAA obtém sua média com base em todo o século 20, e descobriu que 2023 ficou 1,18 °C acima da média;
  • Copernicus, OMM e Met Office usam a base pré-industrial de 1850 a 1900, e encontraram que a média de 2023 ficou entre 1,45 a 1,48 °C mais alta que essa base.

Outros recordes de temperatura também foram alcançados ao longo do ano. Para começar, cada mês de junho a dezembro estabeleceu um recorde global para aquele respectivo mês. Julho foi o mês mais quente de todos já registrados – e também teve o dia e a semana mais quentes já registrados. Resultado: Hemisfério Norte enfrentou o verão mais quente já registrado.

Além disso, foi a primeira vez que todos os dias de um ano foram mais de 1 °C mais quentes que a média pré-industrial. E que quase a metade foi mais de 1,5 °C mais quente. Como se não bastasse, dois dias em novembro foram mais de 2 °C mais quentes – limite jamais cruzado até então.

Loucura no clima e nos oceanos

Terra vista do espaço
(Imagem: Governo dos EUA)

As temperaturas da superfície dos oceanos mundo afora atingiram recordes máximos todos os meses entre abril e dezembro, enquanto a Antártica viu seu gelo marinho atingir as menores extensões máxima e mínima já registradas.

O conteúdo de calor do oceano – valor que mede quanto calor é armazenado nos primeiros dois quilômetros de profundidade – também foi o mais alto já registrado. Isso leva a atmosfera a reter mais do seu calor e vapor de água. Resultado: clima mais extremo.

Globalmente, tempestades tropicais tiveram atividade acima da média, com 45 furacões/ciclones/tufões no total. O último foi o ciclone Daniel, tempestade mais mortal a atingir a África na história registrada – mais de 10 mil pessoas morreram. Em paralelo, incêndios florestais no Canadá queimaram a maior área já registrada na América do Norte, exacerbados por ondas de calor recordes no continente.

Previsões para 2024

Ano passado foi quente, sim. Mas 2024 pode ocupar o primeiro lugar deste pódio. Um dos principais contribuintes para o clima global é o ciclo de Oscilação Sul-El Niño, que deu início a um evento El Niño em meados de 2023. Estes elevam as temperaturas globais, como visto no final do ano – mas não é previsto que atinjam seu pico até fevereiro, março e abril de 2024.

Como sempre, os cientistas envolvidos nos estudos apontam também para a mudança climática induzida pelo homem. Segundo eles, as consequências se manifestam de maneiras cada vez mais alarmantes e visíveis.

“Não apenas 2023 foi o ano mais quente no registro climático de 174 anos da NOAA – foi o mais quente de longe”, disse Sarah Kapnick, cientista-chefe da NOAA. “Um planeta que está aquecendo significa que precisamos estar preparados para os impactos das mudanças climáticas que estão acontecendo aqui e agora, como eventos climáticos extremos que se tornam tanto mais frequentes quanto severos.”


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