James Webb ajuda ciência a entender ‘rabo’ de sistema estelar

Uma equipe de cientistas descobriu, por meio do Telescópio Espacial James Webb (JWST), um rastro de poeira no sistema estelar Beta Pictoris no formato de um rabo de gato. Significa que algo traumático ocorreu por lá no século 20. Agora, a equipe investiga o que causou esse rastro.

Para quem tem pressa:

  • Cientistas, utilizando o Telescópio Espacial James Webb (JWST), descobriram um rastro de poeira no sistema estelar Beta Pictoris. Esse fenômeno indica que um evento traumático ocorreu no sistema no século 20;
  • A equipe usou o JWST, em colaboração com a NASA e outras agências espaciais, para revelar detalhes antes inacessíveis sobre o sistema estelar, localizado a 63 anos-luz da Terra;
  • A equipe sugere que uma colisão cósmica, ocorrida em algum momento dos últimos 100 anos, pode ter causado o rastro de poeira. Observações anteriores já haviam indicado a existência de dois discos de detritos no sistema, supostamente formados por colisões entre corpos celestes menores;
  • As observações do JWST revelaram diferenças de temperatura entre os discos e a cauda de poeira, sugerindo composições distintas. A quantidade de poeira na cauda é comparável a um grande asteroide do cinturão principal, espalhado por uma vasta extensão.

Algo ocorrido no século passado pode parecer assunto velho. Mas em termos de Universo (cuja idade beira 14 bilhões de anos), saber que um grande evento cósmico aconteceu durante a vida de alguns terráqueos é fascinante para os astrônomos. Principalmente porque dá para estudá-lo.



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Pesquisa e o sistema estelar

A equipe usou o poderoso observatório espacial infravermelho, em colaboração com a NASA e agências espaciais da Europa e Canadá, para encontrar detalhes até então nunca detectados. Isabel Rebollido, do Centro de Astrobiologia na Espanha, é a autora principal do estudo, que será publicado no periódico científico Astronomical Journal.

“Embora tenham sido feitas observações anteriores do solo nesta faixa de comprimento de onda (luz), elas não tinham a sensibilidade e a resolução espacial que agora temos com o Webb, então elas não detectaram essa característica”, explicou Rebollido, em comunicado à imprensa.

Beta Pictoris, estrela com pelo menos dois planetas em órbita, está a cerca de 63 anos-luz da Terra na constelação do sul Pictor. Está perto do nosso planeta a ponto de ser visível a olho nu no céu do Hemisfério Sul. 

Observações anteriores de telescópios de Beta Pictoris revelaram que o sistema possui dois discos de detritos causados ​​por colisões entre asteroides, cometas e outros pequenos corpos semelhantes a planetas. Acredita-se que planetas se formem em tais discos.

O que aconteceu em Beta Pictoris?

Com a modelagem computacional, os pesquisadores do Webb levantaram a hipótese de um evento cósmico, ocorrido em algum momento nos últimos 100 anos, ter produzido o cacho empoeirado. “Algo acontece – como uma colisão – e muito pó é produzido”, disse Marshall Perrin, coautor do estudo. “No início, o pó segue na mesma direção orbital que sua fonte, mas depois começa a se espalhar.”

A luz da estrela empurra as partículas de poeira menores para longe da estrela mais rapidamente, acrescentou Perrin, enquanto os grãos maiores não se movem tanto, criando um longo rastro de poeira. Este se estende desde a porção sudoeste do disco secundário de detritos.

As observações pelo Webb também revelaram diferenças de temperatura entre os dois discos, provavelmente indicando que são compostos por substâncias diferentes. Na luz visível, o material que compõe o disco secundário e a cauda de poeira é escuro. Mas com a visão infravermelha do Webb, ele brilha.

Levando em consideração o brilho da cauda, a equipe estimou a quantidade de poeira nela como equivalente a um grande asteroide do cinturão principal, disperso por 16 bilhões de quilômetros.

Uma colisão recente dentro dos discos de detritos do sistema também pode explicar um recurso anteriormente detectado pelo Atacama Large Millimeter Array em 2014. O telescópio observou um aglomerado de monóxido de carbono perto do rastro em formato de cauda. Como a radiação de uma estrela deve destruir o monóxido de carbono em cerca de um século, essa concentração de gás ainda existente pode ser evidência do mesmo evento.


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