Intel 14a geração Core: Meteor Lake é mesmo uma revolução?

Intel 14a geração Core: Meteor Lake é mesmo uma revolução?Intel 14a geração Core: Meteor Lake é mesmo uma revolução?
Créditos: Montagem: Bruno Pires (Adrenaline)

Chegou a real nova geração da Intel aqui no Adrenaline. Diferente da 14ª geração nos desktops, que ainda usam a mesma microarquitetura dos Raptor Lake, nos notebooks nós temos todas as grandes novidades dessa geração.

Os Meteor Lake usam o novo processo de fabricação Intel 4, a implementação de múltiplos dies ativados de forma independente, novos núcleos de baixíssimo consumo o uso de gráficos Intel Xe integrados e uma nova unidade de aceleração de Inteligência Artificial (AI), a NPU.

Sim, se a 14ª geração em desktops está um tanto entediante, falar dos Meteor Lake não nos mata de tédio, afinal esta é a maior mudança na forma de fazer CPUs da Intel em 40 anos.

Notebook de teste

Nosso espécime de testes é o Acer Swift Go 14, um notebook ultrafino com tela sensível a toques e que tem o selo Intel EVO, ou seja, atende critérios de qualidade da Intel em múltiplos fatores como autonomia, performance, qualidade de tela, etc.

Nessa comparação, vamos focar na disputa com outro ultrafino, o Avell B.On. Esse notebook tem excelente performance e autonomia, tem perfil semelhante ao Swift e ainda conta com o processador Intel Core i7-1165G7, um bom modelo para comparar com o Intel Core Ultra 7 155H que equipa o modelo da Acer. Abaixo dá pra ter uma ideia do porquê.

Acer Swift Go 14 SFG14-72T-71QF:

  • GPU: Intel ARC 8 Xe cores
  • CPU: Intel Core Ultra 7 155H
  • Tela: 14″ WUXGA (1920 x 1200) 16:10 IPS 60 Hz Touchscreen
  • RAM: 16 GB LPDDR5X
  • Tamanho: 31,24 cm (L) x 21,84 cm (P) x 1,5cm (A)
  • Bateria: 65 Wh
  • Peso: 1,32 kg
  • Site oficial

Avell B.On:

  • GPU: Intel Iris Xe Graphics (96 Unidades de Excecução)
  • CPU: Intel Core i7-1165G7
  • Tela: 15,6” Full HD (1920×1080) 60Hz WVA Glare (Glossy)
  • RAM: 16GB (LPDDR4X) Dual Channel 4266Mhz Onboard
  • Tamanho: 35,5 cm (L) x 23 cm (P) x 1,5cm (A)
  • Bateria: 73 Wh
  • Peso: 1,68 kg
Processador Intel Core i7-1165G7 Intel Core Ultra 7 155H AMD Ryzen Z1 Extreme
Preço recomendado US$ 469 US$ 503
Litografia 10nm SuperFin Intel 7 (5n) / TSMC N5 TSMC 4 nm FinFET
Núcleos/Threads 4/8 16/22 8/16
Cache 12MB 24MB 16MB
TDP 28W 28W 8-30W
Núcleos performance 4 6 8
Núcleos eficiência 8
Núcleos baixo consumo 2
Gráficos Iris Xe (96UE) Arc (8 Xe cores) 12 CU RDNA3

Você pode ver a fundo a comparação entre os dois modelos Intel neste link aqui.

Apesar de serem dois chips de segmentos semelhantes, com preço e TPD parecidos, é visível como muita coisa mudou.

A contagem de núcleos disparou, e agora é um sistema híbrido, com núcleos de performance, núcleos de eficiência e os novos núcleos de baixíssimo consumo. Os gráficos Iris Xe deram lugar ao Intel ARC com 8 núcleos Xe, uma especificação semelhante ao da placa de vídeo de desktop Intel ARC A380.

O ideal para nossos testes seria trazer um modelo da 13ª geração Core, mas temos uma lacuna importante: não temos um notebook com essa geração disponível no momento, aqui no Adrenaline. Mas mesmo assim, iremos trazer comentários relevantes sobre o comparativo com a geração anterior, quando for pertinente.

Por parte da AMD, o melhor comparativo seria com um notebook equipado com o AMD Ryzen 7 7736U, algo que a gente também não possui no momento. Mas dá pra passar perto: os 8 núcleos e 16 threads pareados com 12 unidades computacionais RDNA3 são exatamente as configurações do AMD Ryzen Z1 Extreme, algo que temos no ROG Ally. Até o TDP e consumo são relativamente próximos, também operando na casa dos 30W.

Aqui é bom destacar que a comparação não é perfeita, já que em notebooks temos margem do que em um portátil. O ROG Allly não passa dos 30W, enquanto os notebooks Core Ultra podem ter picos na casa dos 65W.

Hora dos testes!

Teste de performance

Temperatura na 14ª geração Intel Core codinome Meteor Lake

Normalmente eu trago a discussão sobre temperatura para o final de análises de notebooks, mas aqui é importante ter ela mais no começo. Diferente de vídeos de comparação de desktop, onde temos tudo sob controle, notebooks são mais complicados.

No PC, nós damos a mesma solução de arrefecimento para todos os processadores testados, bem como igualamos ao máximo as duas bancadas de testes, deixando apenas as CPUs serem os diferenciais. Também combinamos com o hardware mais potente possível em termos de GPU, pra tornar todos os testes limitados pelo processador.

Isso não é um problema aqui, já que performance da GPU é também parte do produto, então tanto faz se o benchmark está limitado a CPU ou GPU, estamos testando a performance do conjunto como um todo, pois é assim que você vai comprar.

Dito isso, eu não tenho nada disso em notebooks. Eu estou preso a um sistema completo e, para comparativos, desigual. Os dois processadores não estão em condições perfeitas de comparação, e aqui vai o melhor exemplo disso, no teste de temperatura.

O sistema do Avell é mais eficiente em manter as temperaturas do CPU sob controle, com uma média na casa dos 65ºC ao longo dos testes e um pico de 86ºC, ou seja, abaixo dos 100ºC que é o limite da 11ª geração Intel Core. O Acer, porém, bate os 110ºC, novo limite térmico dos Meteor Lake e opera na média de uns 88ºC, uma temperatura bastante alta.

Aqui é um bom momento para lembrar que o Acer Swift é um portátil para uso cotidiano, e não um dispositivo focado em performance. O Avell B.On tem esse mérito de, apesar de ser um ultrafino, ainda contar com duas ventoinhas grandes e uma boa dissipação de calor.

Processador na 14ª geração Intel Core codinome Meteor Lake

Começando pela performance por thread, vemos que a mudança da 11ª geração para a 14ª não é grande. O incremento de 17% não é negligenciável, mas fica longe de ser revolucionário. O salto acontece em outro aspecto:

A performance em aplicações que usem mais threads vai sofrer um impacto enorme de performance. O salto foi de 100%, ou seja, dobramos a performance que havia disponível no Core i7 da 11ª geração, para a 14ª geração.

Apesar da lacuna em nosso acervo, podemos estimar um bom ganho versus a 13ª geração Core, já que os modelos daquela família costumam trazer a configuração de 10 núcleos e 12 threads, com apenas dois núcleos de performance e 8 de eficiência. Aqui no Meteor Lake temos 16 núcleos e 22 threads, sendo seis núcleos de performance.

Segundo o Notebook Check, o Intel Core i7-1365U entrega 8750 pontos no CineBENCH R23, logo temos um ganho de 50% sobre a geração anterior.

Versus a AMD, vemos como os oito núcleos e 16 threads do ROG Ally, todos de performance, levam vantagem sobre a configuração híbrida da Intel.

Placa de vídeo na 14ª geração Intel Core codinome Meteor Lake


Agora colocando o chip gráfico pra trabalhar, temos um incremento decente de uns 40% no teste com o Fire Strike, que usa tecnologias mais antigas como o DirectX 11. As GPUs Intel ARC performam melhor em APIs mais modernas, e isso fica claro no Time Spy, que é baseado em DirectX 12 e o resultado é um ganho de 100%, o dobro, novamente, sobre a 11ª geração Core e seus gráficos Intel Iris.

E sobre a 13ª geração Core? A diferença deve ser a mesma. O gráfico é indicado no final do nome do produto, ou seja, um Intel Core i7 1165G7 e um 1365G7, como o G7 indica, tem o mesmo gráfico. Esse é o Intel Iris com 96 Unidades de Execução, o gráfico mais potente que a Intel possuía até a chegada dos Meteor Lake.

Contra a AMD, vemos que os Meteor Lake rivalizam com as plataformas para games mais potentes do lado vermelho da força. As Radeon ficam na vantagem em testes com DX11, mas quando falamos de DX12, o Intel ARC bate a plataforma AMD Ryzen Z1 Extreme.

Games na 14ª geração Intel Core codinome Meteor Lake


Em Red Dead Redemption 2 não vemos a diferença de performance bruta do chip gráfico impactar muito na performance. Em HD, quando a carga cai principalmente sobre o processador, temos a 11ª geração e o produto da 14ª performando parecidos, e levemente atrás do Ryzen Z1 Extreme do ASUS ROG Ally.

Em Full HD, com a carga mais na GPU, novamente as diferenças não são grandes entre todos os chips. Isso acontece porque o jogo é pesado para todos eles, e vemos essa tendência das diferenças serem “amassadas juntas”, já que temos várias GPUs sem muita folga de performance.


Em Cyberpunk 2077, vemos que a 14ª geração consegue se sair melhor com o teste quando está vinculado a performance da GPU, porém no teste com processador, o Avell com a 11ª geração se sai melhor. Aqui novamente podemos estar vendo novamente a influência do sistema de arrefecimento, que no Acer tem thermal throttling, e no Avell, não.

Contra a AMD temos uma nova grande vantagem, algo que pode ser vinculado a otimizações. As Intel ARC vem evoluindo, mas não tem a solidez da plataforma AMD Radeon, que está há décadas no mercado.


Counter Strike 2 trouxe um pouco mais de carga nas placas de vídeo, mas ainda é altamente dependente de performance de processador. Isso faz com que o Acer Swift não se destaque versus o sistema mais eficiente do Avell, e por consequência temos performance próximas entre a 11ª e a 14ª geração Intel Core. Novamente a AMD abre uma vantagem significativa, especialmente em qualidade mais alta.

Autonomia na 14ª geração Intel Core codinome Meteor Lake

Aqui chegamos a um dos pontos mais importante da análise, na minha opinião. A geração Meteor Lake traz uma microarquitetura muito híbrida e modular, partindo de núcleos de baixísismo consumo, passando por núcleos de baixo consumo e chegando nos núcleos de performance e gráficos Intel ARC.

Isso traz expectativas sobre a autonomia desse conjunto e… os resultados com o Acer Swift Go são apenas OK. Ele entregou 11 horas em nosso teste com o PCMark 10, que alterna entre atividades leves como navegar na internet, fazer videochamadas, editar texto, tudo até descarregar o aparelho.

Isso coloca ele me par com o Avell. Apesar da bateria de maior porte em favor do Avell, é bom lembrar que o Swift tem uma tela menor, então ficamos em um “elas por elas”. Longe de buscar as 14h de navegação pela internet estimados no Macbook equipado com M3.

Aprendizado da máquina (AI) acelerado por NPU

Além do uso do Intel Foveros na construção do chip, a grande novidade dos Meteor Lake é a introdução de uma nova estrutura, a Neural Processing Unit, ou NPU. Ela é especializada em entregar mais performance e eficiência em ciclos de trabalho relacionados a Inteligência Artificial (IA).

As IAs decolaram nos últimos meses, e ainda estamos para ver todos os usos que essa porção do chip pode trazer no futuro. Agora já vemos algumas aplicações como efeitos de desfoque de fundo e reenquadramento de imagem feito por ela, sem tirar recursos do processador de do chip gráfico e consumindo menos energia que eles.

Alguns aplicativos também já começaram a usar este hardware para processar partes de suas funções, mas essa parte da análise não temos tantas aplicações para demonstrar. Como o próprio CEO da Intel afirmou no lançamento dos Meteor Lake, os produtos estão agregando essa capacidade, e nem a própria Intel sabe até onde ela poderá ser usada.

Análise em vídeo da 14ª geração Intel Core codinome Meteor Lake

Conclusão

A plataforma Meteor Lake tem diferenças relevantes em performance. Ela entrega ganhos grandes em performance multithread de processador e os gráficos são consideravelmente mais potentes.

O porém é que a plataforma Intel ARC ainda está em evolução, e nem sempre vemos essa performance bruta se traduzir em ganhos de desempenho em games, por exemplo. Nesse campo, a AMD ainda entrega chips que performam mais, consumindo menos.

Também não me anima ver a empresa continuar levando seu limite térmico para cada vez mais alto. O Meteor Lake chegam aos surpreendentes 110ºC, e dá pra perceber um aquecimento no Acer Swift não apenas quando está em alta carga, mas até quando está em uso cotidiano leve ouvimos as fans operando.

Esse ponto é crítico para os Meteor Lake. A Intel precisa aumentar a eficiência de seus produtos, e não vejo uma evolução tão grande quanto eu gostaria em quesitos como aquecimento e autonomia. Temos um notebook baseado em Apple M3 por aqui, e vai ser interessante comparar como anda esse balanço dos mais novos produtos X86 versus o que há de mais potente em ARM.


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