Por Christina Amann e Nick Carey
MUNIQUE, Alemanha (Reuters) – Seja comprando chips de computador diretamente dos fabricantes, reconfigurando carros ou produzindo-os com peças faltando, as montadoras estão tendo que ser criativas para lidar com a escassez global de semicondutores.
Com o problema durando mais do que o inicialmente esperado, fabricantes como Daimler e Volkswagen tiveram que repensar as estratégias de produção.
As montadoras geralmente compram peças de fornecedores importantes, como Bosch e Continental, que por sua vez compram de produtores mais abaixo na cadeia.
“Havia a falácia de pensar que você poderia escolher entre dois fornecedores, mas a verdade é que ambos tinham os chips produzidos na mesma fábrica”, disse Ondrej Burkacky, sócio sênior da McKinsey.
A Mercedes-Benz estabeleceu uma linha direta de comunicação com todos os fornecedores de chips, incluindo produtores de placas de semicondutores em Taiwan, disse gerente de compras da Daimler, Markus Schäfer, no salão do automóvel IAA em setembro.
Os fornecedores de chips precisam ser tratados de maneira diferente devido à sua importância estratégica para a indústria, disse Stefan Bratzel, do Center for Automotive Management.
Burkacky disse que as montadoras deveriam considerar investimentos diretos na produção, ou contratos mais longos com prazos de mais de 18 meses.
MAIOR RESILIÊNCIA
Nesse meio tempo, os desenvolvedores de veículos estão fazendo sua parte para ajudar os fabricantes de chips a administrarem a crise de abastecimento.
Annette Danielski, diretora financeira da unidade de caminhões Traton, da Volkswagen, disse que a empresa está tentando liberar espaço nas placas-mãe dos sistemas de controle.
“Se mudarmos o software, podemos usar menos chips e obter a mesma funcionalidade”, disse a executiva. “Isso, algumas vezes, precisa de um longo tempo de desenvolvimento por causa de regulamentações, mas há áreas onde você pode mudar algo rapidamente.”
A General Motors disse que trabalhará com fabricantes de chips como Qualcomm, STM e Infineon para desenvolver microcontroladores que combinam várias funções previamente executadas por chips individuais.
“Estamos tentando criar um ecossistema que seja mais resiliente, mais expansível e sempre disponível”, disse um porta-voz da empresa.
O quão bem estas estratégias vão funcionar ainda não está claro.
“A conta vai ser apresentada em meados ou no final de 2022, quando veremos quem saiu da crise bem e quem não foi tão bem”, disse Burkacky, da McKinsey.