O tema da coluna de hoje é a primeira grande expedição científica da história, que trouxe o astrônomo Jean Richer até a América do Sul para medir a distância entre a Terra e o Sol.
Desde que Johannes Kepler estabeleceu os postulados que regem o movimento planetário, forneceu à ciência os fundamentos necessários para calcularmos as distâncias astronômicas no Sistema Solar e no Universo ao nosso redor. A Terceira Lei de Kepler, que estabelece uma relação matemática entre o período orbital de um planeta e a sua distância até o Sol, nos permitiu criar um mapa do Sistema Solar, que orientaria as nossas futuras missões espaciais.
Mas havia um problema: neste mapa astronômico de Kepler, as distâncias eram todas relativas. As medidas eram dadas em Unidades Astronômicas, o equivalente à distância entre a Terra e o Sol. E essa medida fundamental para calcularmos as distâncias no Universo permaneceu desconhecida por muito tempo, sendo objeto de estudo desde a Grécia antiga, mas que só foi determinada com precisão, pela primeira vez, em 1672, em uma missão épica, realizada ao mesmo tempo em Paris e em Caiena, na distante e selvagem Guiana Francesa.
Naquele ano, Marte atingiria sua oposição, que é o ponto de sua órbita em que ele está mais próximo da Terra, e na direção oposta ao Sol. Os astrônomos da Academia de Ciências de Paris queriam aproveitar essa proximidade para calcular a distância da Terra até o Planeta Vermelho e, a partir desta medida, calcular o valor da Unidade Astronômica e, consequentemente, todas as outras medidas do Sistema Solar.
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