Brasil é recordista
A ocorrência de raios no Brasil é de 50 milhões por ano, segundo o Inpe, o que faz do país o recordista mundial. A cada 50 mortes por raio no mundo, uma ocorre por aqui. Isso quer dizer que 130 brasileiros morrem dessa forma a cada ano. A explicação é geográfica: é o maior país da chamada zona tropical do planeta — área central onde o clima é mais quente e, portanto, mais favorável à formação de tempestades.
São Paulo costuma ser o Estado com maior número de mortes por acidentes com raios, de acordo com o Inpe. Mas a Amazônia é uma das três regiões com maior incidência de descargas elétricas do país e do mundo: recebe cerca de 30 milhões de raios por ano, devido à grande quantidade de água doce e calor. As outras regiões chamadas de “chaminés de raios” são a África Central e a Indonésia.
Um estudo feito por pesquisadores do Inpe e divulgado no periódico American Journal of Climate Change mostrou que, nos últimos 30 anos, a capital amazonense registrou um aumento de 50% na taxa de descargas atmosféricas, alcançando 13,4 raios por quilômetro quadrado ao ano. A explicação para isso é que a urbanização em Manaus fez a temperatura máxima da cidade subir 3°C em relação à encontrada na floresta amazônica.
Outros estudos do Elat já haviam mostrado como a urbanização tende a formar um cinturão de ar quente ao redor da região central das cidades, favorecendo tempestades e raios. E o aquecimento global só tende a piorar o cenário, à medida que faz aumentar a presença de vapor d’água na atmosfera. Um estudo publicado na revista “Science” mostrou que a ocorrência de relâmpagos em todo o mundo vai aumentar 50% até 2100.
Segundo levantamento de cientistas do Elat feito em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, o aumento da temperatura das águas do oceano Atlântico no Hemisfério Sul fará a incidência de tempestades duplicar no Sudeste em 2070, chegando a triplicar nas cidades litorâneas.