Conheça a realidade virtual voltada para atletas — até o goleiro da Seleção usa!

Uma nova solução desenvolvida pela startup de neurociência Sensorial está sendo utilizada por atletas para melhorar o desempenho e por trabalhadores em áreas de alto risco — como a indústria petroquímica e frigorífica — para reduzir riscos de acidentes.

A tecnologia utiliza a realidade virtual para o treinamento cognitivo por meio de minijogos. Os avanços no sistema resultaram na criação do aplicativo Sensorial Moove, com o mesmo propósito.

O projeto foi financiado pelo programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Tecnologia de treinamento cognitivo

  • Foi desenvolvida uma solução que usa óculos de realidade virtual para permitir o treinamento cognitivo a partir de minijogos.
  • Além disso, com o conhecimento adquirido nessa etapa, foram criados aplicativos para dispositivos móveis, como smartphones e tablets.
  • O sistema de realidade virtual da Sensorial avalia a reação, a tomada de decisão, o controle de impulsividade, a atenção e o uso da visão periférica do usuário.
  • A partir da análise, é traçado um perfil cognitivo que servirá de base para a definição de exercícios adequados.
  • A ideia é criar um ambiente que favoreça a flexibilidade do cérebro e, por meio de estímulos específicos, melhorar a capacidade cognitiva do usuário.
  • 30 a 50 minutos semanais do uso da tecnologia já proporcionam benefícios, conforme indica estudos.
  • Os ganhos cognitivos são geralmente perdidos em três meses quando o usuário não realiza mais os treinamentos — embora haja casos em que permanecem por até cinco anos.
  • No aplicativo, não há a imersão dos óculos de realidade virtual, mas a técnica é semelhante e une a estimulação cognitiva com o movimento do corpo.
Aplicativo Sensorial Moove – Imagem: divulgação/Sensorial

Fase de testes com atletas

Na fase um de testes, os pesquisadores utilizaram a tecnologia com atletas da equipe masculina do Palmeiras (categoria sub-17) e na equipe feminina de vôlei do Barueri (categorias sub-15 e sub-19). O treinamento, com duas sessões semanais ao longo de cinco semanas, resultou em ganhos cognitivos e melhorias na prática esportiva.

As jogadoras do Barueri foram as que mais se destacaram na quadra. Durante o treinamento delas, foi possível notar melhora na velocidade de resposta cognitiva. Já no Palmeiras, os atletas que usaram a tecnologia tiveram mais ações ofensivas em campo.

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O sistema também foi utilizado pelo goleiro Ederson, do Manchester City e da Seleção Brasileira. Ele realiza o treinamento com os óculos em média duas vezes por semana, intercalando atividades físicas com exercícios cognitivos de velocidade.

O objetivo é evitar que o seu cérebro descanse após o esforço físico, promovendo maior concentração, controle de impulsividade e tomada de decisões assertivas ao longo das partidas.

A necessidade surgiu porque Ederson atua em equipes (Manchester City e Seleção Brasileira) com ataque agressivo e muita posse de bola, ficando muito tempo sem tocar na bola durante o jogo.

EDERSON
Ederson atuando pelo Manchester City. Imagem: ph.FAB/Shutterstock

Implementação em outras áreas

Além dos testes realizados com atletas, a tecnologia também foi aplicada em indústrias petroquímicas e de frigoríficos. Nesse contexto, onde o trabalho costuma ser perigoso, o sistema atua reduzindo o risco de acidentes por algum erro humano.

Na petroquímica, o processo foi aplicado no final de 2020 e novamente em 2022. Nesse retorno, a equipe de pesquisa constatou que os benefícios do treinamento podem permanecer por um período considerável, mesmo após o fim das atividades.

O projeto pode expandir e alcançar mais gente. Atualmente, está sendo utilizado em um projeto-piloto por um grupo de pessoas com 50 anos ou mais em uma academia. Os pesquisadores querem entender se há uma relação entre processos cognitivos e o risco de acidentes durante exercícios físicos na faixa etária.

Caio Moreira, graduado em Ciências Biológicas e mestre em Psicologia Experimental, ambos pela USP, e fundador da Sensorial, reforça o objetivo da empresa em conversa com o jornal da faculdade:

Queremos estar nas mãos de muita gente para promover saúde e bem-estar.


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