Real ou manipulação dos cientistas? Saiba como fotos do Universo são feitas

A famosa imagem conhecida como Nebulosa do Caranguejo, registrada no início dos anos 2000, é considerada umas das mais icônicas obtidas pelo Telescópio Espacial Hubble. Assim como essa foto, outras divulgadas pelas agências espaciais têm como principais características as cores vibrantes, que chamam muito a atenção.

Mas você, por acaso, já parou para se perguntar se essas imagens do espaço realmente são reais ou apenas manipulações feitas pelos cientistas? Esses questionamentos fazem sentido. De fato, são usados programas de computador para chegar às fotos que vemos nos sites das agências espaciais. Mas, o processo usado não é feito em vão. Os pesquisadores têm bons motivos científicos para tal.

Segunda a Nasa, todas essas imagens espaciais são falsas exceto uma (sem dizer qual). O telescópio robótico tira imagens sequenciais do céu noturno, mas são sofisticados algoritmos de computador que transformam em fotos para que os cientistas achem estrelas e galáxias e meçam suas propriedades

Imagem: M. J. Smith (U. Hertfordshire)/NAsa

A imagem da Nebulosa do Caranguejo, por exemplo, é uma montagem a partir de 24 exposições individuais do mesmo ângulo, feitas entre outubro de 1999, janeiro e dezembro de 2000. As cores existentes na imagem são uma mistura de filtros usados pelos cientistas para destacar algum elemento.

Os filamentos laranja, por exemplo, são restos de estrela compostos principalmente por hidrogênio.

Já o brilho azulado no interior da nebulosa é a estrela de nêutrons girando rapidamente.

Já na outra imagem abaixo, se torna possível ver o que cada cor separadamente representa na foto final.

É tudo ciência e tem uma explicação.

Nasa usa cores para diferenciar elementos na Nebulosa do Caranguejo - Divulgação/Nasa - Divulgação/Nasa

Nasa usa cores para diferenciar elementos na Nebulosa do Caranguejo

Imagem: Divulgação/Nasa

Imagens reais são em preto e branco

O uso dos filtros de cores acontece, porque as câmeras usadas pelos telescópios não capturam as imagens coloridas, mas em preto e branco, como é o caso do Hubble.

Os detectores do telescópio contam cada bit de luz, mas não registram diretamente a cor. O Hubble usa filtros para permitir a passagem apenas de certa gama de cores específicas de objetos visíveis ou não a olho nu se estivéssemos no espaço.

Ao ter as imagens disponíveis na Terra, os cientistas, então, adicionam cor individualmente em cada foto registrada em preto e branco pelo Hubble.

“Usamos a cor como uma ferramenta, seja para realçar os detalhes de um objeto ou visualizar o que normalmente nunca poderia ser visto pelos olhos humanos. A cor em imagens do Hubble é usada para destacar características interessantes do objeto celeste que está sendo estudado”, explica um trecho de um comunicado da Nasa sobre as imagens captadas pelo Hubble.

Em outras palavras, as imagens que nos impressionamos nos sites das agências não são exatamente o que veríamos se estivéssemos no espaço, pois também carregam composição de elementos coloridos de ondas eletromagnéticas, raios-x e infravermelho, por exemplo — algo que não conseguimos enxergar a olho nu.

Como as imagens chegam a essas cores

As imagens divulgadas pelas agências são combinações finais de exposições registradas em três tipos de cores primárias que o telescópio deixa passar: vermelha, verde e azul. Isso não é por acaso. São as tonalidades primárias da luz.

É a partir da combinação delas que se torna possível recriar quase todas as cores de luz visíveis aos olhos humanos.

Nossa visão é tão sofisticada que consegue filtrar a luz e reconhecer todas as tonalidades, mas isso não acontece com os telescópios porque eles não são sensíveis a todas as cores.

Nebulosa de Caranguejo é combinação de várias imagens e uso de filtros - Divulgação/NASA - Divulgação/NASA

Nebulosa de Caranguejo é combinação de várias imagens e uso de filtros

Imagem: Divulgação/NASA

O mesmo ocorre com os aparelhos de celular, por exemplo. Aquela imagem legal registrada com o celular é resultado de uma mistura de cores primárias de luz decodificadas por um software que entrega uma foto aproximada do que os nossos olhos enxergam.

No caso do telescópio, o tratamento é realizado manualmente pelos cientistas a partir de um software específico para isso com uso das imagens disponibilizadas do espaço.

Essa mistura não é apenas para deixar a foto mais atraente, mas também para destacar algum elemento que precisa ser estudado.

“Criar imagens coloridas a partir das exposições originais em preto e branco é tanto arte quanto ciência”, afirma a Nasa.

Ciência ou arte? Fotos das agências espaciais são dignas de moldura!


PUBLICIDADE
Imagem Clicável