Na audiência, só estiveram presentes os juízes e o advogado do presidente turco, Sami Kabadayi. Os réus – os editores Julin Serignac e Gerard Biard, o diretor Laurent Sourisseau e a cartunista Alice Petit – não compareceram no tribunal.
Os quatro colaboradores da revista francesa correm o risco de pegar uma sentença de 1 a 4 anos de prisão, com base no artigo 299 do código penal turco que pune o insulto ao presidente da República.
Entretanto, o julgamento foi adiado para 1º de junho de 2022, após os juízes decidirem que, se os réus comunicassem seus dados pessoais e seus endereços residenciais, suas defesas poderiam ser consideradas.
O processo diz respeito à publicação da capa da edição de outubro de 2020, que retratou o líder da Turquia sentado em uma poltrona, de cueca e com uma lata na mão, levantando a roupa de uma mulher que não usa roupas íntimas e está com véu. Na imagem, Erdogan está com a língua de fora e fala “o profeta”, enquanto a mulher está sorrindo. No alto, está escrito: “No privado, ele é muito divertido”.
A charge foi considerada um “esforço nojento” para “espalhar racismo e ódio cultural” e um insulto contra Erdogan, que chamou o periódico de “canalha” e tomou medidas legais e diplomáticas em resposta.
Na ocasião, a Turquia e a França já protagonizavam uma escalada de tensões, com Erdogan pedindo boicote a produtos franceses e ofendendo o presidente do país, Emmanuel Macron.
O imbróglio, porém, ocorreu após a morte na França do professor Samuel Paty, que foi decapitado por um terrorista por exibir uma caricatura de Maomé, publicada anos atrás pelo Charlie Hebdo, em uma aula sobre liberdade de expressão. (ANSA)